domingo, 6 de abril de 2008

NEOPITAGORISMO E RELIGIÃO - Parte 04

A subida da alma ao céu astronômico

O neopitagorismo, desde o velho pitagorismo, está sob influência oriental. Continuou a assimilar elementos da religião de Mitra (vd 250), e, de um modo geral, da religião de Zoroastro (vd 125), ao mesmo tempo que fazendo reelaborações. Para o neopitagorismo, a alma, depois da morte do indivíduo, é julgada. Se o julgamento lhe for favorável, ela sobe ao céu astronômico. Ainda que a religião dos egípcios já acreditasse neste julgamento, a alma ficava junto ao corpo, e dali porque este era conservado o melhor possível pela mumificação. Com os neopitagóricos acentua-se a imagem de que o céu das almas se encontra no alto e não mais em um lugar especial embaixo da terra. As concepções mais antigas das religiões se imaginavam o lugar dos justos embaixo da terra, ainda que pudessem imaginar que Deus também circulava pelo cosmos.

Há um momento na história das religiões, em que o céu passa a ser considerado como estando no alto. Divide-se o céu neopitagórico em sete esferas, que correspondem aos sete planetas. Cada céu é penetrado através de uma porta, cujo anjo a abre aos iniciados, anteriormente instruídos com fórmulas especiais. Ante cada passagem despe-se a alma, como que de vestes sucessivas das funções tipicamente humanas e materiais. Nos cerimoniais litúrgicos de preparação, por meio de vestes simbólicas, por vestes simbólicas, que os indivíduos vão trocando, estes são iniciados para aquele percurso de ascensão ao último céu. Chegada a alma ao sétimo e definitivo céu, agora já sem impurezas, passa a viver ali a felicidade beatifica sem fim.

Próximos entre si, o neopitagorismo (com suas purificações em céus intermediários e espíritos intercessores) e o cristianismo (com o seu purgatório preparador e a meditação de Jesus, dos anjos e santos) hostilizavam-se facilmente, ao mesmo tempo que se influenciavam mutuamente, sem que disto se apercebessem.

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