quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

HEIDEGGER E O EXISTENCIALISMO

Heidegger repudiou veemente o termo e a filosofia existencialista.Tentou elaborar uma analitica existencial,não aceitando a etimologia existencial.
Saber a diferença entre o conceito etimologico foi o que Heidegger quis imprimir,existencialismo ou a analise existencial em Heidegger?No que se baseia o filósofo do nazismo para imprimir um conceito etimilógico existencial? Bem ver Heidegger como inciante do movimento existencialismo.

Heidgger quer discutir o ser, e viu que o termo existencialismo não cabia, sem conhecer a etimilogia,ele quer estabelecer uma antologia individual descrevendo os fenômenos que o caracteriza à consciência,elaborando uma teoria do ser.

Heiegger não se preocupa em perguntar quem é o ser e o que ele é,qual sua definição,pra que serve o ser perante o absurdo do mundo?

O ser para Heidegger não é um ser particular,tampouco um conjunto de todos os seres,com as quais lidamos no nosso dia dia.Limita a dizer o que é o ser e aquilo que faz que o mundo seja dessa forma e investigar o fundamento existencial .

Quando lemos um livro de Albert Camus, sentimos o “absurdo do Absurdo”. O “absurdo do Absurdo” é o total desespero traduzido em palavras, é a máxima expressão da impotência do Homem perante a sua própria realidade, e traduz a recusa do Homem em reconhecer a sua pequenez perante o Universo: o Homem recusa a realidade, e culpa o Absurdo pelo absurdo. A culpabilização do Absurdo pelo absurdo nasce através das ideias de Heidegger. E o culpado de todo absurdo de nossa vida é Heidegger.O filósofo do nazismo colocou as pessoas com simples objetos,sem sentido, é isso mesmo nossa vida não tem sentido,então Heiddeger colocou o não sentido de nossa vida escancarado para realemnte ver que nada tem sentido ao iminente morte vivencial e existencialista.

Para Heidegger, a Existência é, em si mesma, um Ser comparável a qualquer outro, é ela própria uma “coisa corpórea”, porque a Existência está no mundo como qualquer outra coisa. A Existência é uma “coisa”, como uma pedra é uma “coisa” – exactamente nesta medida, e nada mais do que isto.Heidegger recusa o idealismo porque como “não existe um sujeito sem mundo”, também não existe “um Eu isolado, sem os outros” (influência marxista). O antropocentrismo de Heidegger é um antropocentrismo materialista desprovido do idealismo de Marx; é um antropocentrismo amorfo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

NIETZSCHE E O EXISTENCIALISMO

Nietzsche mostra que a relação existencialista no ser é transcendente é radical, temos que sermos seres exitencialistas para saber quem somos nós por nós e para nós.

Ele mostra que a transcendência em si mesmo deve ser aporte natural, e que devemos desconstruir tudo mas tudo que não é humano.O ser humano é um ser forte ou um super-homem,não precisa de um pai celestial, que protege a fraqueza do ser gumano, que ele pensa que é fraco mas não é. A ideía de pai e mãe aqui é condicionada a relligião e Nietzsche desmascara e nos alerta para que não aceitamos dogmas doutrinarias d qualquer tipo de religião, ou como o mesmo diz .Deus está morto a muito tempo.

Nietzsche mostra a contraposto do existencialismo, uma critica a tudo que é técnico e tecnofascistas,crítica com veemência e com argumentos os empresáriso gananciosos da arte,o público ávido pelo prazer banal e fácil, a mediocridade contida, e a presunção dos famosos(artistas, músicos) que transformam a arte em mercadoria de luxo e nos tempos atuais(hoe) em lixo descartável, hoje não existe arte, existe lixo descartável o lucro da arte.Creio que isso ocasiona um contratempo e um antagonismo na busca transcedental do ser humano em si mesmo, e por que não isso é usado para massificar o ser em detrimento de sua busca que é individual e interpessoal, em nome de um coletivismo, burro e hipócrita?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

KIERKEGAARD E O EXISTENCIALISMO

Kierkeggard pode ser considerado o pai da filosofia existencialista.
A filosofia existencialista em Kierkeggard é bastante difundida na opinião que a natureza dessa corrente temática e na sua contribuição pessoal predomina sobre seus demais aspectos.Esse raciocinio mostra que existiram vários tipos de existencialismos,cada um com uma visão individual e intelectual filosófica.Basicamente o exietncialismo seria a expressão de uma experiência singular, individual,um pensamento motivado por uma situação muito particular.
Kierkeggard é um dos filósofos que mais corresponde a esa descrição.É um pensador que tem suas desventuras pessoais.Mostra-se o fundador de um existencialismo contemporâneo que Sartre mais tarde veio a popularizar e colocar com seu eu o exitencialismo é sartriano que é um engano ,pois o existencialismo está e sempre esteve no seu fundador o filósofoso Kierkeggard.
Não só a corrente exitencialista mas todo pensamento de Kierkeggard tem base em Hegel,logicamente Hegel,não era um exitencialista mas teve contribuição e inspiração filosófica para Kierkeggard tecer seu pensamento e imprimir o existencialismo na filosofia.É importante salientar que Hegel foi importantíssimo para Kierkeggard, pois foi na oposição a filosofia Hegeliana que Kierkeggard buscou o erro em Hegel e com isso consegue tecer uma filosofia existencialista na qual Hegel negava.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Schopenhauer e o existencialismo

O existencialismo foi inspirado nas obras de Arthur Schopenhauer, Søren Kierkegaard, Fiódor Dostoiévskie nos filósofos alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e Martin Heidegger, e foi particularmente popularizado em meados do século XX pelas obras do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre e de sua companheira, a escritora e filósofa Simone de Beauvoir. Os mais importantes princípios do movimento são expostos no livro de Sartre "L'Existentialisme est un humanisme" ("O Existencialismo é um humanismo"). O termo existencialismo foi adotado apesar de existência filosófica ter sido usado inicialmente por Karl Jaspers, da mesma tradição.
Mas é em Schopenauer que a a filosofia existencialista ganha um ar de maldita.Schopp é um filósofo que não agrada muitos.Schopenhauer Foi professor de Nietzsche e via o ser humano com um ser de inteligencia especifica em cada ser humano em cada animal.Em decifração do enigma do mundo Schopenhauer causa um reboliço intelectual na cabeça de cada um separando amor ,paixão, ódio e dizendo que o amor que existe de forma tênue e comercial não existe no fundo de cada ser humano. O existencialismo representa a vida como uma série de lutas. O indivíduo é forçado a tomar decisões; freqüentemente as escolhas são ruins. Nas obras de alguns pensadores, parece que a liberdade e a escolha pessoal são as sementes da miséria. A maldição do livre arbítrio foi de particular interesse dos existencialistas teológicos e cristãos.

Schopenhauer é um dos filósofos mais importantes para o existencialismo ele postula que o mundo não é mais que Representação. Esta conta com dois pólos inseparáveis: por um lado, o objeto, constituído a partir de espaço e tempo; por outro, a consciência subjetiva acerca do mundo, sem a qual este não existiria.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

[Livros]: O BANQUETE - PLATÃO - Parte 04

Diotima

Em seguida, Sócrates continua o discurso e mostra sua genialidade na conclusão: O Amor busca aquilo que não tem. (págs 31 a 40).


Um dos melhores diálogos ocorre quando Sócrate relembra seu diálogo com Diotima sendo evidente a análise filosófica do Amor. Nela o Belo é uma aspiração ao Bom e ao Perfeito, que tudo governa.

- Tenta então, continuou Sócrates, também a respeito do Amor dizer-me: o Amor é amor de nada ou de algo?
- De algo, sim.
- Isso então, continuou ele, guarda contigo, lembrando-te de que é que ele é amor; agora dize-me apenas o seguinte: Será que o Amor, aquilo de que é amor, ele o deseja ou não?
- Perfeitamente - respondeu o outro.
- E é quando tem isso mesmo que deseja e ama que ele então deseja e ama, ou quando não tem?
- Quando não tem, como é bem provável - disse Agatão.
- Observa bem, continuou Sócrates, se em vez de uma probabilidade não é uma necessidade que seja assim, o que deseja deseja aquilo de que é carente, sem o que não deseja, se não for carente. É espantoso como me parece, Agatão, ser uma necessidade; e a ti?
- Também a mim - disse ele. Tens razão. Pois porventura desejaria quem já é grande ser grande, ou quem já é forte ser forte?
- Impossível, pelo que foi admitido.
- Com efeito, não seria carente disso o que justamente é isso.
- É verdade o que dizes.
- Se, com efeito, mesmo o forte quisesse ser forte, continuou Sócrates, e o rápido ser rápido, e o sadio ser sadio - pois talvez alguém pensasse que nesses e em todos os casos semelhantes os que são tais e têm essas qualidades desejam o que justamente têm, e é para não nos enganarmos que estou dizendo isso - ora, para estes, Agatão, se atinas bem, é forçoso que tenham no momento tudo aquilo que tem, quer queiram, quer não, e isso mesmo, sim, quem é que poderia desejá-lo? Mas quando alguém diz: “Eu, mesmo sadio, desejo ser sadio, e mesmo rico, ser rico, e desejo isso mesmo que tenho”, poderíamos dizer-lhe: “O homem, tu que possuis riqueza, saúde e fortaleza, o que queres é também no futuro possuir esses bens, pois no momento, quer queiras quer não, tu os tens; observa então se, quando dizes “desejo o que tenho comigo”, queres dizer outra coisa senão isso: “quero que o que tenho agora comigo, também no futuro eu o tenha.” Deixaria ele de admitir?
Agatão, dizia Aristodemo, estava de acordo.
Disse então Sócrates: - Não é isso então amar o que ainda não está à mão nem se tem, o querer que, para o futuro, seja isso que se tem conservado consigo e presente?
- Perfeitamente - disse Agatão.
- Esse então, como qualquer outro que deseja, deseja o que não está a mão nem consigo, o que não tem, o que não é ele próprio e o de que é carente; tais são mais ou menos as coisas de que há desejo e amor, não é?
- Perfeitamente - disse Agatão.
- Vamos então, continuou Sócrates, recapitulemos o que foi dito. Não é certo que é o Amor, primeiro de certas coisas, e depois, daquelas de que ele tem precisão?
- Sim - disse o outro.
- Depois disso então, lembra-te de que é que em teu discurso disseste ser o Amor; se preferes, eu te lembrarei. Creio, com efeito, que foi mais ou menos assim que disseste, que aos deuses foram arranjadas suas questões através do amor do que
é belo, pois do que é feio não havia amor. Não era mais ou menos assim que dizias?
- Sim, com efeito - disse Agatão.
- E acertadamente o dizes, amigo, declarou Sócrates; e se é assim, não é certo que o Amor seria da beleza, mas não da feiúra? Concordou.

- Não está então admitido que aquilo de que é carente e que não tem é o que ele ama?
- Sim - disse ele.
- Carece então de beleza o Amor, e não a tem?
- É forçoso.
- E então? O que carece de beleza e de modo algum a possui, porventura dizes tu que é belo?
- Não, sem dúvida.
- Ainda admites por conseguinte que o Amor é belo, se isso é assim?
E Agatão: - É bem provável, ó Sócrates, que nada sei do que então disse?
- E no entanto, prosseguiu Sócrates, bem que foi belo o que disseste, Agatão. Mas dize-me ainda uma pequena coisa: o que é bom não te parece que também é belo?
- Parece-me, sim.
- Se portanto o Amor é carente do que é belo, e o que é bom é belo, também do que é bom seria ele carente.
(...)

E ela: - É simples. Dize-me, com efeito, todos os deuses não os afirmas felizes e belos? Ou terias a audácia de dizer que algum deles não é belo e feliz?
- Por Zeus, não eu – retornei-lhe.
- E os felizes então, não dizes que são os que possuem o que é bom e o que é belo?
- Perfeitamente.
- Mas no entanto, o Amor, tu reconheceste que, por carência do que é bom e do que é belo, deseja isso mesmo de que é carente.
- Reconheci, com efeito.

Serenata



Serenata

A Serenata, também conhecida como Seresta ou Sereno, consiste em uma manifestação cultural brasileira na qual em um grupo de músicos anda pelas ruas de uma cidade e detêm-se às janelas de certas casas a fim de tocar e cantar. Este conjunto costuma ser vocal e/ou acompanhado de instrumentos musicais, sendo característica sua execução durante à noite, ao ar livre, sob o sereno, sendo direta ou indiretamente direcionadas a uma mulher. Os instrumentos musicais utilizados são a viola e a guitarra.








Seresteiro sozinho

Ao encontrar a casa que receberá a homenagem, o grupo de seresteiros apresenta-se através do prelúdio. A seguir começam as execuções das canções, geralmente com a homenageada postada na janela ou na soleira da porta de entrada com muitas pessoas assistindo e participando do ato.



As músicas possuem forte apelo amoroso e declamatório. Veja a composição a seguir:




UMA GRANDE DOR NÃO SE ESQUECE
(Antenógenes Silva-Ernani Campos)

Choro a lágrima fremente,
o pranto cruciante
que rola internamente...
Choro a lágrima sentida,
a lágrima dorida
que verte o coração...
Sinto o espinho da saudade
e sofro a realidade
da grande ingratidão.
E, na imensidão da dor,
eu sofro, só, o meu amor.

Menestrel apaixonado,
eu vivo desolado,
chorando a minha dor.
Choro a lágrima dorida,
a lágrima sentida,
que sai do coração.
Sinto a dor que mora n’alma,
a dor que não se acalma;
a dor que não esqueço...
Sofro, eu sofro e não mereço
a dura ingratidão
que me devora o coração!



Variações da Serenata

Algumas variações dessa manifestação são encontradas com certa facilidade, seja na mudança da qualidade da música, do ambiente ou da pessoa homenageada.

Ocorrendo durante o dia, A Serenata recebe o nome de Solarada.

Às vezes as letras das músicas podem ser de escárnio ou humorísticas, participando de uma “vingança” gentil em relação a uma pessoa.
Origem e queda da Serenata

A Seresta foi herdada da tradição ibérica através dos portugueses, que por sua vez encontra origem nos trovadores e menestréis medievais. Nesta linha, as Serenatas também podem ser classificadas como líricas (de amor e de amigo) e satíricas (de escárnio e mal-dizer).

A serenata já apareceria descrita em 1505 em Portugal por Gil Vicente na farsa Quem tem farelos?. No Brasil, o costume das serenatas seria referido pelo viajante francês Le Gentil de la Barbinais, de passagem por Salvador em 1717, ao contar em seu livro Nouveau voyage autour du monde que “à noite só se ouviam os tristes acordes das violas”, tocadas por portugueses (espadas escondidas sob os camisolões) a passear “debaixo dos balcões de suas amadas” cantando, de instrumento em punho, com “voz ridiculamente terna”. [OR].

O costume de sair às ruas para cantar e galantear as mulheres foi enfraquecendo conforme os valores culturais foram se tornando menos rígidos, permitindo a aproximação das pessoas de forma mais direta. Atualmente, a moça desceu da janela e o seresteiro pode encontrá-la sem utilizar estes recursos musicais. Some-se a este fato o aumento da violência urbana e temos um cenário que desencoraja este tipo de conquista amorosa, tendo caído em desuso no cotidiano brasileiro. Porém, uma cidade mantém-se como um forte reduto da Seresta no Brasil e aviva essa manifestação cultural.

Estudo de Caso: Conservatória – RJ

A despeito de toda falta de interesse atual a respeito da Seresta, encontra-se no Estado do Rio de Janeiro, na cidade de Conservatória, um forte reduto da Serenata, sendo esta cidade considerada a Capital Brasileira da Seresta.

“O nome Conservatória tem sua origem em Portugal e se refere a um tipo de cartório de registro de populações. Originalmente, a cidade era chamada “Conservatória dos Índios”, o lugar onde os portugueses que iniciaram a colonização do lugar cadastravam os índios Araris, originários da região. “ [AM]

As serestas praticadas são anunciadas com antecedência, o que permite o afluxo de turistas e grande participação popular. Os eventos são divulgados por agências de viagens, rádio, televisão, jornais, revistas e internet.


Seresteiros em Conservatória



Forma de resistência

A retomada das serestas é uma forma de resistência contra a urbanização desenfreada, mantendo as tradições bucólicas do século passado, mantendo a atmosfera romântica, tranqüila e sonhadora dos povoados que existiam.

Além disso, é feito o resgate de grandes compositores do passado, sendo comum a apresentação de músicas imortalizadas por Cartola, Lamartine Babo, Lupicínio Rodrigues, Ataulfo Alves, Pixinguinha e Ary Barroso, dentre outros.

Conclusões

A Serenata aparece atualmente como uma manifestação cultural quase que esquecida, mas vem ganhando campo como uma forma de resgatar a atmosfera tranqüila e pacata das cidades brasileiras durante o século XIX. O amor é o tema central das composições, geralmente direcionadas a uma mulher

A simplicidade e a sinceridade das apresentações permitem que qualquer pessoa participe de uma Serenata, uma vez que são feitas nas ruas e praticamente não há custos para acompanhá-la.

Sites consultados

http://www.clubedochoro.com.br/conteudo.asp?id=41&nome=Curiosidades
[AM] http://www.pousadadamoras.tur.br/historia.htm
http://www.aac.uc.pt/~sfaac/serenata.php
[SE] http://www.seresteiros.com.br
[OR] http://cifrantiga3.blogspot.com/2006/04/seresta.html

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

[Livros]: O BANQUETE - PLATÃO - Parte 03

Agaton

Versa sobre o Amor mostrando como ele se afasta do feio e do mal.

"É ele que nos tira o sentimento de estranheza e nos enche de familiaridade, promovendo todas as reuniões deste tipo, para mutuamente nos encontrarmos, tornando-se nosso guia nas festas, nos coros, nos sacrifícios; incutindo brandura e excluindo rudeza; pródigo de bem-querer e incapaz de mal-querer; propício e bom; contemplado pelos sábios e admirado pelos deuses; invejado pelos desafortunados e conquistado pelos afortunados; do luxo, do requinte, do brilho, das graças, do ardor e da paixão, pai; diligente com o que é bom e negligente com o que é mau; no labor, no temor, no ardor da paixão, no teor da expressão, piloto e combatente, protetor e salvador supremo, adorno de todos os deuses e homens, guia belíssimo e excelente, que todo homem deve seguir, celebrando-o em belos hinos, e compartilhando do canto com ele encanta o pensamento de todos os deuses e homens."

O amor é o desejo de possuir o Bem para sempre. mas seu alvo não é o Belo sim criar o Belo.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

[Livros]: O BANQUETE - PLATÃO - Parte 02

Aristófanes

Aborda o sonho e a idealização do amor, tornando-o um ente além das regras sociais, procurando encontrar sua verdadeira origem. O amor é definido como saudade de um antigo estado. Aborda, Aristáfanes, a natureza humana e suas mutações, trazendo o mito do Andrógino, o símbolo da Perfeição. Zeus partiu o andrógino ao meio, levando cada metade a querer fundir-se novamente em um só ser. Segundo ele, é o que cura a natureza humana. "Eis por que eram três os gêneros, e tal a sua constituição, (...) e eram assim circulares, tanto eles próprios como a sua locomoção, por terem semelhantesgenitores. Eram por conseguinte de uma força e de um vigor terríveis, e uma grande presunção eles tinham; mas voltaram-se contra os deuses, na tentativa de fazer uma escalada ao céu, para investir contra os deuses. Zeus então e os demais deuses puseram-se a deliberar sobre o que se devia fazer com eles, e embaraçavam-se; não podiam nem matá-los e, após fulminá-los como aos gigantes, fazer desaparecer-lhes a raça. (...) Depois de laboriosa reflexão, diz Zeus: “Acho que tenho um meio de fazer com que os homens possam existir, mas parem com a intemperança, tornados mais fracos. (...) Logo que o disse pôs-se a contar os homens em dois. (...)Por conseguinte, desde que a nossa natureza se mutilou em duas, ansiava cada um por sua própria metade e a ela se unia, e envolvendo-se com as mãos e enlaçando-se um ao outro, no ardor de se confundirem, morriam de fome e de inércia em geral, por nada quererem fazer longe um do outro. E sempre que morria uma das metades e a outra ficava. (...) E então de há tanto tempo que o amor de um pelo outro está implantado nos homens, restaurador da nossa antiga natureza, em sua tentativa de fazer um só de dois e de curar a natureza humana. Cada um de nós portanto é uma téssera complementar de um homem, porque cortado como os linguados, de um só em dois; e procura então cada um o seu próprio complemento. (...) Quando então se encontra com aquele mesmo que é a sua própria metade, tanto o amante do jovem como qualquer outro, então extraordinárias são as emoções que sentem, de amizade, intimidade e amor, a ponto de não quererem por assim dizer separar-se um do outro nem por um pequeno momento. E os que continuam um com o outro pela vida afora são estes, os quais nem saberiam dizer o que querem que lhes venha da parte de um ao outro. A ninguém com efeito pareceria que se trata de união sexual" (pags. 20-22)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

[Livros]: O BANQUETE - PLATÃO - Parte 01

O tão versado amor platônico encontra suas raízes nesta obra, O Banquete.

O Banquete é uma obra de Platão que discute a respeito do amor e do belo.

Apolodoro e um Companheiro

Apolodoro esbraveja consigo mesmo e com outros, menos com Sócrates, com quem demonstra admiração e respeito.

Agaton é o anfitrião do Banquete no qual são recebidos alguns convidados que falarão sobre o Amor e a Beleza.

O discurso é fragmentado, sendo analisado desde a forma biológica até a filosófica. Proposto por Erixímico, filho de Acúmeno, começam os embates pelos elogios ao Amor, tornando-se o tema central da obra.

Parmênides diz da sua origem bem antes de todos os deuses pensou em Amor.

"Assim, pois, eu afirmo que o Amor é dos deuses o mais antigo, o mais honrado e o mais poderoso para a aquisição da virtude e da felicidade entre os homens, tanto em sua vida como após sua morte." (pag 11)

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Sobre o ato de ler - Parte 03

Texto III

Seria bom comprar livros se pudéssemos comprar também o tempo para lê-los, mas, em geral, se confunde a compra de livros com a apropriação de seu conteúdo. Esperar que alguém tenha retido tudo o que já leu é como esperar que carregue consigo tudo o que já comeu. Ele viveu de um fisicamente, do outro espiritualmente e assim se tornou o que é. Contudo, assim como o corpo assimila o que lhe é homogêneo, cada um de nós retém o que lhe interessa, ou seja, aquilo que convém a seu sistema de pensamentos ou a seus objetivos.

Todos, certamente, têm objetivos, mas poucos têm algo que se pareça a um sistema de pensamentos: daí não mostrarem nenhum interesse objetivo por nada e, em conseqüência, nada do que leram se fixa: não retêm nada de suas leituras. Repetitio est mater studiorum. Todo livro minimamente importante deveria ser lido de imediato duas vezes, em parte porque na segunda compreendemos melhor as coisas em seu conjunto e só entendemos bem o começo quando conhecemos o fim; em parte porque, para todos os efeitos, na segunda vez abordamos cada passagem com um ânimo e estado de espírito diferentes do que tínhamos na primeira, o que resulta em uma impressão diferente e é como se olhássemos um objeto sob uma outra luz.

As obras são a quintessência de um espírito: daí elas serem incomparavelmente mais ricas que o contato pessoal, mesmo quando se trata de um grande espírito, as obras acabam por substituí-lo na essência — e, inclusive, o superam largamente e o deixam para trás. Mesmo os escritos de um espírito medíocre podem ser instrutivos, dignos de leitura e agradáveis, precisamente porque são sua quintessência, o resultado, o fruto de todos os seus pensamentos e estudos; — enquanto a convivência com ele não consegue nos satisfazer. Daí que possamos ler livros de pessoas cuja convivência não nos agradaria e, assim, uma alta cultura espiritual nos leva pouco a pouco a encontrar entretenimento quase exclusivamente com livros e não mais com pessoas.

Não há maior deleite para o espírito que a leitura dos antigos clássicos: tão logo tomamos um deles, nem que seja por meia hora, nos sentimos refrescados, aliviados, purificados, elevados e fortalecidos; exatamente como se tivéssemos bebido de uma fresca fonte. Deve-se isto às línguas antigas e sua perfeição? Ou à grandeza dos espíritos cujas obras permaneceram incólumes e intactas por milhares de anos? Talvez a ambos os motivos. Se algo sei é que se, tal como agora se ameça, o estudo das línguas antigas fosse abandonado, surgiria uma literatura feita de escritos tão bárbaros, superficiais e sem valor, como nunca antes existiu; especialmente porque a língua alemã, que possui algumas das perfeições das línguas antigas, está sendo dilapidada entusiástica e metodicamente pelos escribas sem valor "do tempo de agora", de tal modo que ela, empobrecida e mutilada, pouco a pouco se transforme em um miserável jargão.

Textos de: Arthur Schopenhauer.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Sobre o ato de ler - Parte 02

Texto II
O que acontece na literatura não é diferente do que acontece na vida: para onde quer que nos dirijamos, imediatamente encontramos a incorrigível plebe da humanidade, que existe em toda parte como uma legião, que ocupa tudo e suja tudo, como moscas no verão. Daí a imensidão de livros ruins, essa erva daninha da literatura que se alastra, que retira a nutrição do trigo e o sufoca. Assim, eles usurpam o tempo, o dinheiro e a atenção do público a que, por lei, pertencem os bons livros e seus nobres objetivos, enquanto os livros ruins foram escritos com a única finalidade de gerar dinheiro ou propiciar emprego.
Não são, portanto, apenas inúteis, mas positivamente daninhos. Nove décimos de toda nossa literatura atual não tem outra finalidade a não ser tirar alguns centavos do bolso do público: com este objetivo conspiram decididamente o autor, o editor e o crítico. É um golpe baixo e mal intencionado, mas lucrativo, que os literatos, os autores que escrevem para ganhar o pão e os polígrafos, conseguiram dar contra o bom gosto e a verdadeira educação do século, levando o mundo elegante pela coleira, adestrando-o para ler a tempo, ou seja todos, sempre a mesma coisa, ou seja, o mais recente, para ter em seus círculos sobre o que conversar: para cumprir este objetivo servem os romances ruins e outras produções do tipo de penas outrora famosas como as de Spindler, Bulwer, Eugène Sue, e outros.
O que pode ser mais miserável do que o destino de tal público literário que se acha obrigado a ler, a todo momento, as últimas publicações de cabeças absolutamente ordinárias, que escrevem apenas por dinheiro e que, por esta razão, existem sempre em grande número e conhecem apenas de nome as obras dos raros e superiores espíritos de todos os tempos e de todos os países! — Os jornais de literatura diários são, em especial, um meio habilmente inventado para roubar do público estético o tempo que este deveria dedicar às verdadeiras produções adequadas à sua formação e fazer com que este dedique seu tempo às improvisações cotidianas de cabeças ordinárias. Como as pessoas lêem sempre, em vez do melhor de todos os tempos, o mais recente, os autores permanecem na esfera estreita das idéias circulantes, e o século se enterra cada vez mais profundamente nos seus próprios excrementos. É por isso que, no que se refere a nossas leituras, a arte de não ler é sumamente importante. Esta arte consiste em nem sequer folhear o que ocupa o grande público, o tempo todo, como panfletos políticos ou literários, romances, poemas, etc., que fazem tanto barulho durante algum tempo, atingindo mesmo várias edições no seu primeiro e último ano de vida: deve-se pensar, ao contrário, que quem escreve para palhaços sempre encontra um grande público e consagre-se o tempo sempre muito reduzido de leitura unicamente às obras dos grandes espíritos de todos os tempos e de todos os países, que se destacam do resto da humanidade e que a voz da fama identifica.
Só eles educam e ensinam realmente. Os ruins nunca lemos de menos e os bons nunca relemos demais. Os livros ruins são veneno intelectual: eles estragam o espírito. Para ler o bom uma condição é não ler o ruim: porque a vida é curta e o tempo e a energia escassos.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Sobre o ato de ler - Parte 01

Texto I

Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: só repetimos seu processo mental. Trata-se de um caso semelhante ao do aluno que, ao aprender a escrever, traça com a pena as linhas que o professor fez com o lápis. Portanto, o trabalho de pensar nos é, em grande parte, negado quando lemos. Daí o alívio que sentimos quando passamos da ocupação com nossos próprios pensamentos à leitura.
Durante a leitura nossa cabeça é apenas o campo de batalha de pensamentos alheios. Quando estes, finalmente, se retiram, que resta? Daí se segue que aquele que lê muito e quase o dia inteiro, e que nos intervalos se entretém com passatempos triviais, perde, paulatinamente, a capacidade de pensar por conta própria, como quem sempre anda a cavalo acaba esquecendo como se anda a pé. Este, no entanto, é o caso de muitos eruditos: leram até ficar estúpidos. Porque a leitura contínua, retomada a todo instante, paralisa o espírito ainda mais que um trabalho manual contínuo, já que neste ainda é possível estar absorto nos próprios pensamentos. Assim como uma mola acaba perdendo sua elasticidade pelo peso contínuo de um corpo estranho, o mesmo acontece com o espírito pela imposição ininterrupta de pensamentos alheios. E assim como o estômago se estraga pelo excesso de alimentação e, desta maneira prejudica o corpo todo, do mesmo modo pode-se também, por excesso de alimentação do espírito, abarrotá-lo e sufocá-lo. Porque quanto mais lemos menos rastro deixa no espírito o que lemos: é como um quadro negro, no qual muitas coisas foram escritas umas sobre as outras. Assim, não se chega à uma ruminação (na prática, o fluxo contínuo e forte de novas leituras só serve para acelerar o esquecimento do já lido): e só com ela é que nos apropriamos do que lemos, da mesma forma que a comida não nos nutre pelo comer mas pela digestão. Se lemos continuamente sem pensar depois no que foi lido, a coisa não se enraíza e a maioria se perde.
Em geral não acontece com a alimentação do espírito outra coisa que com a do corpo: nem a quinqüagésima parte do que se come é assimilado, o resto desaparece pela evaporação, pela respiração ou de outro modo. Acrescente-se a tudo isso que os pensamentos postos no papel nada mais são que pegadas de um caminhante na areia: vemos o caminho que percorreu, mas para sabermos o que ele viu nesse caminho, precisamos usar nossos próprios olhos.