quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

[Livros]: O BANQUETE - PLATÃO - Parte 02

Aristófanes

Aborda o sonho e a idealização do amor, tornando-o um ente além das regras sociais, procurando encontrar sua verdadeira origem. O amor é definido como saudade de um antigo estado. Aborda, Aristáfanes, a natureza humana e suas mutações, trazendo o mito do Andrógino, o símbolo da Perfeição. Zeus partiu o andrógino ao meio, levando cada metade a querer fundir-se novamente em um só ser. Segundo ele, é o que cura a natureza humana. "Eis por que eram três os gêneros, e tal a sua constituição, (...) e eram assim circulares, tanto eles próprios como a sua locomoção, por terem semelhantesgenitores. Eram por conseguinte de uma força e de um vigor terríveis, e uma grande presunção eles tinham; mas voltaram-se contra os deuses, na tentativa de fazer uma escalada ao céu, para investir contra os deuses. Zeus então e os demais deuses puseram-se a deliberar sobre o que se devia fazer com eles, e embaraçavam-se; não podiam nem matá-los e, após fulminá-los como aos gigantes, fazer desaparecer-lhes a raça. (...) Depois de laboriosa reflexão, diz Zeus: “Acho que tenho um meio de fazer com que os homens possam existir, mas parem com a intemperança, tornados mais fracos. (...) Logo que o disse pôs-se a contar os homens em dois. (...)Por conseguinte, desde que a nossa natureza se mutilou em duas, ansiava cada um por sua própria metade e a ela se unia, e envolvendo-se com as mãos e enlaçando-se um ao outro, no ardor de se confundirem, morriam de fome e de inércia em geral, por nada quererem fazer longe um do outro. E sempre que morria uma das metades e a outra ficava. (...) E então de há tanto tempo que o amor de um pelo outro está implantado nos homens, restaurador da nossa antiga natureza, em sua tentativa de fazer um só de dois e de curar a natureza humana. Cada um de nós portanto é uma téssera complementar de um homem, porque cortado como os linguados, de um só em dois; e procura então cada um o seu próprio complemento. (...) Quando então se encontra com aquele mesmo que é a sua própria metade, tanto o amante do jovem como qualquer outro, então extraordinárias são as emoções que sentem, de amizade, intimidade e amor, a ponto de não quererem por assim dizer separar-se um do outro nem por um pequeno momento. E os que continuam um com o outro pela vida afora são estes, os quais nem saberiam dizer o que querem que lhes venha da parte de um ao outro. A ninguém com efeito pareceria que se trata de união sexual" (pags. 20-22)

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