segunda-feira, 28 de abril de 2008

NEOPLATONISMO DA PATRÍSTICA CRISTÃ - Parte 02

Patrística é a denominação que os historiadores da filosofia e da teologia deram ao pensamento cristão, filosófico e teológico, dos primeiros séculos cristãos. Seus autores se dizem Padres da Igreja.
O quadro geral dos pensadores patrísticos, se redistribui em:
a) Período de formação da patrística (2-o. e 3-o séc., até o Concílio de Nicéia, ano 325), com os nomes gregos: Aristides, autor de uma Apologia; São Justino, autor de duas Apologias; Taciano, que depois se tornou gnóstico; Atenágoras; Teófilo de Antioquia; Santo Irineu, autor de Contra os hereges; Hipólito, autor de Philosophoumena com nomes da África latina: Minúcio Felix; Tertuliano, de grande produção, depois montanista; Arnóbio, apologista; Lactâncio, um clássico latino, com ação no Oriente e em Tréveris; com nomes da Escola cristã de Alexandria: Panteno, fundador da Escola Cristã; Clemente Alexandrino; Orígenes de Alexandria, de grande erudição.
B) Século da grande patrística (325-430), com nomes gregos: Santo Atanásio; São Gregório de Nazianzo; São Basílio Magno; São Gregório de Nissa; Com nomes latinos: Santo Hilário de Poitiers; Santo Ambrósio; Santo Agostinho de Hipona.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

NEOPLATONISMO DA PATRÍSTICA CRISTÃ - Parte 01

O sucesso político do cristianismo deveu-se ao Imperador Constantino, no poder de 306 a 337. Sem ser cristão, - pelo menos não inicialmente, - contou com o apoio dos cristãos.
Com o Edito de Milão (313) introduziu a liberdade de culto, integrado desta forma os cristãos ao mesmo nível das religiões tradicionais, o que, em últimas instância os favoreceu. Este estágio de desenvolvimento da liberdade de consciência foi uma conquista social. A liberdade religiosa foi logo rompida pela oficialização do cristianismo como religião do Império. Constantino tratou da religião como se fosse chefe da igreja e grande pontífice de todos os demais religiões. Havendo convocado o Concílio Ecumênico de Nicéia, 325, deu Constantino à igreja cristã a estrutura hierárquica que hoje ainda conserva, a de bispos e arcebispos, estes coordenando a aqueles em cada região, ou Província.
Consequentemente cresceu a posição dos bispos dentro da Igreja. Por esta e outras inovações surgiu o que veio a ser denominado, por vezes, por Igreja constantiniana. Adepto de uma religião solar monoteísta (de Mitra), o Imperador Constantino deixou-se batizar apenas no final de sua vida.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

NEOPLATONISMO DE SACCAS, PLOTINO E DISCÍPULOS - Parte 07

A ética de Plotino decorre de uma teoria emanatista de graus. Uma vez que a descida é uma diminuição de realidade, importa retornar mentalmente à realidade superior.
A religião passa a ser uma contemplação, cujo estágio mais elevado é o êxtase. Ocorre, portanto, uma lei de retorno, do filho para o pai, da criatura para o criador. Esta excitante vontade de retorno, até repousar no ser supremo inspirará as filosofias de Agostinho e Duns Escoto. Através destes, ao misticismo cristão em geral.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

NEOPLATONISMO DE SACCAS, PLOTINO E DISCÍPULOS - Parte 06

A matéria é o último estágio da emanação, segundo Plotino. É o último, por se tratar da maior indeterminação possível antes do nada. Em vista das derivações sucessivas, a alma exerce a função de produzir a matéria. Engendra, por conseguinte, o corpo e o organiza por meio de potências como as faculdades vegetativas e sensitivas. Que seria em Plotino a matéria em si mesma?. Sua concepção é similar de Aristóteles.
Este a estabelece como realidade, porém indeterminada, recebendo determinações por parte da forma. A geração da matéria por obra do espírito inspirará no futuro algumas formas mais filosóficas de "espiritismo".

domingo, 20 de abril de 2008

NEOPLATONISMO DE SACCAS, PLOTINO E DISCÍPULOS - Parte 05

A Alma do mundo emana do Logos. Ela é a forma geral de todas as coisas. Corresponde ao Lógos imanente às coisas de acordo com a concepção dos estóicos. Estes o diziam também fogo racional (pyr noerón). Em Plotino a Alma do mundo é conceituada como forças plásticas, ou como razões seminais (Lógoi spermatikoí). Corresponde a uma visão conjuntas das formas substanciais, ao modo como Aristóteles entendia a forma que determina a matéria.

As almas individuais não se distinguem propriamente das razões seminais, as quais se encontram multiplicadas na Alma do mundo, como as idéias são muitas dentro de uma só inteligência. Todo o corpo é animado, porque contém as referidas razões seminais. Não o que seria apenas corpo sem alma, porquanto a Alma do Mundo a tudo se estende.
Não ocorre fragmentação da alma, participando ela de todo o mundo. "A Alma do mundo se dá a ele em toda a extensão, tão grande quanto seja; todos os intervalos, grandes e pequenos, são animados. Muitos corpos podem estar no mesmo lugar; um está aqui outro lá, e estão separados um do outro. A alma não é assim; ela não se fragmenta para animar com cada uma de suas partes cada parte do corpo; mas todas as partes vivem pela alma toda inteira, ela está toda presente por toda a parte, semelhante, pela sua unidade e sua onipresença com o Pai (a inteligência) que a engendrou" (Enéada V,1,2, 25-33).
A teoria das razões seminais, em vista da onipresença da vida, favorece as hipóteses da evolução da vida. É retomada por Agostinho, embora abandonada pela Escolástica. A onipresença da alma, em um corpo humano individual, é todavia entendida pelos escolásticos ao modo de Plotino; a mesma alma estaria onipresente, toda inteira em cada lugar do corpo humano. Diferente disto tudo é a teoria de que o corpo humano seria uma coleção de vidas coordenadas, com vida autônoma para cada célula .

sábado, 19 de abril de 2008

NEOPLATONISMO DE SACCAS, PLOTINO E DISCÍPULOS - Parte 04

A inteligência (Logos) emana por causa da necessidade de conhecer. Ora, o conhecer supõe a composição de sujeito e objeto. Logo, a inteligência se distinguiu de Deus. Poder-se-ia contestar a Plotino, que Deus poderia coincidir com o mesmo pensar. Ainda que em abstrato se conceba a divisão em Deus, concretamente ela não está impedida de simultaneidade. De maneira geral, o Logos é a imagem do Uno e é menor do que ele.
O Logos é a imagem do Uno Mas se diversifica em muitas idéias, por não poder apreender de uma só vez o Uno. Tais idéias equivalem às idéias arquétipas de que fala Platão; em Plotino, ela são efetivamente idéias, ao passo que em Platão elas são idéias reais. Na prática, não há grande diferença entre idéias reais de Platão e o Logos de Plotino, se se considerar apenas uma e a outra entidade; a diferença maior quando Plotino diz que do Uno deriva o Logos, por sua vez do Logos a Alma do mundo. O Logos exerce ainda a função de Demiurgo, aproveitando-se das idéias para realizar os novos seres, tendo-as como modelos.
O Lógos, portanto é o Senhor, à semelhança como dele se diz na doutrina cristã.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

NEOPLATONISMO DE SACCAS, PLOTINO E DISCÍPULOS - Parte 03

Passou Plotino a analisar o conceito de cada uma destas formas de ser do esquema trinitário. Acima de tudo está o Uno, sem qualquer particularização e portanto dotado de transcendência total. Não é isso e nem aquilo, mas é simplesmente.
Não pode sequer ser inteligência, porque esta já é um tipo determinado de ser. "O Uno supremo está do lado de lá do ser" (Enéada, VI,6,5, 37). "Ele é a realidade primeira, mas que não é inteligência por ser anterior à inteligência; pois a inteligência se conta entre as coisas existentes; ora, ele não é algo existente, pois é anterior a tudo; nem é nenhum ser, porque o ser não é algo existente, pois é anterior a tudo; nem é nenhum ser, porque o ser tem como forma a forma do ser; ora, Deus é despido de qualquer forma. Como principalmente a essência da unidade é a produtora de todas as coisas, não é Deus nenhuma destas. Portanto nem é uma realidade determinada, nem nada de qualificativo ou quantitativo, nem espírito, nem alma. Nem é móvel, nem está em repouso, não está no espaço, nem no tempo, mas é uniforme como tal, ou antes, é sem forma, porque é anterior à toda forma, anterior ao movimento e ao repouso, que se atêm ao ser e o multiplicam" (Enéada VI 9, 3). E
sta doutrina da transcendência de Plotino cabe tanto na filosofia de Platão, como na de Aristóteles. O conflito verdadeiramente ocorre nas emanações sucessivas, por graus decrescentes. Isto importa em negar ao ser supremo a capacidade de causar diretamente todas as escalas do ser. As doutrinas primitivas, quando apoiadas nas emanações sucessivas, parecem não ter consistência metafísica. Esta sucessividade compromete a própria transcendência. Dar sucessão implica em atribuir ao primeiro, o Uno, a anterioridade, sem a simultaneidade.