2. Parmênides
Parmênides de Eléia foi o primeiro filósofo a afirmar que o mundo percebido por nós é ilusório e sobre o qual formulamos nossas opiniões (doxas). Essa é a Via da Verdade (aletheia) na qual o Ser é, ou seja, é sempre idêntico a si mesmo,imutável, eterno, sendo apenas visível para nossos pensamentos. Já o não-ser é a aparência, visível aos sentidos. Em [CHAUI], encontramos as bases da argumentação.
Os argumentos da Escola Eleata eram rigorosos. Diziam:Admitamos que o Ser não seja uno, mas múltiplo. Nesse caso, cada ser é ele mesmo e não é os outros seres; portanto, cada ser é e não é ao mesmo tempo, o que é impensável ou absurdo. O Ser é uno e não pode ser múltiplo;Admitamos que o Ser não seja eterno, mas teve um começo e terá um fim. Antes dele, o que havia? Outro Ser? Não, pois o Ser é uno. O Não-Ser? Não, pois o Não-Ser é o nada. Portanto, o Ser não pode ter tido um começo. Terá um fim? Se tiver, que virá depois dele? Outro Ser? Não, pois o Ser é uno. O Não-Ser? Não, pois o Não-Ser é o nada. Portanto, o Ser não pode acabar. Sem começo e sem fim, o Ser é eterno;Admitamos que o Ser não seja imutável, mas mutável. No que o Ser mudaria? Noutro Ser? Não, pois o Ser é uno. No Não-Ser? Não, pois o Não-Ser é o nada. Portanto, se o Ser mudasse, tornar-se-ia Não-Ser e desapareceria. O Ser é imutável e o devir é uma ilusão de nossos sentidos.
O que Parmênides afirmava era a diferença entre pensar e perceber. Percebemos a Natureza na multiplicidade e na mutabilidade das coisas que se transformam umas nas outras e se tornam contrárias a si mesmas. Mas pensamos o Ser, isto é, a imutabilidade e a eternidade daquilo que é em si mesmo. Perceber é ver aparências.
Pensar é contemplar a realidade como idêntica a si mesma. Pensar é contemplar o to on, o Ser.Multiplicidade, mudança, nascimento e perecimento são aparências, ilusões dos sentidos. Ao abandoná-las, a Filosofia passou da cosmologia à ontologia.
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