segunda-feira, 3 de março de 2008

MUTABILIDADE E DA IMUTABILIDADE DOS SERES - Parte 03

3. Heráclito
Heráclito, filósofo pré-socrático, afirmava que tudo está em constante movimento, em constante devir, sendo este o resultado do conflito dos opostos. O mundo vive em constante movimento. Escreveu “Sobre a Natureza”, obra na qual trata sobre a Verdade e a Opinião.
Afirma que toda mutação é ilusória, "O ser é tão pouco como o não-ser; o devir é e também não é". Seu pensamento é oposto ao de Parmênides. Em [EC] encontramos uma boa síntese e influência de Heráclito no pensamento ocidental contemporâneo:Se Anaxímandro explica as coisas a partir de sua transformação e de seu movimento; se ele se utiliza do conceito de apeiron como o movimento eterno, ilimitado, reservatório de forças e formas, Heráclito ampliará essa proposição a partir do conflito, da eterna mutabilidade e da “superação” final com a substituição. Heráclito, através de suas noções de temporalidade e de efemeridade, lança as bases para o anti-humanismo, para a doutrina da insignificância do homem e sua transitoriedade, negando-se a explicar, por exemplo, o universo a partir do homem ou o homem a partir do universo, já que, para ele, homem e universo não existem um sem o outro: macrocosmo e microcosmo, conforme Axelos, não passam de aspectos do cosmos global e único.
As posições de Heráclito foram destronadas num primeiro momento de predomínio do pensamento platônico-aristotélico na cultura ocidental mas foram recuperadas pelos filósofos contemporâneos mais significativos como Hegel, Nietzsche e Heidegger (...).Heráclito é, por fim, básico em todos os estudos (...) porque está na base do pensamento dos filósofos do movimento e do conflito (Hegel), da duração e do movimento (Bergson), e de todas as correntes que apostam na possibilidade de uma leitura do real – e talvez a única – se e somente se puder trabalhar com a dinâmica dos processos, com a investigação dos fatos comunicacionais em operação, com a busca da captura do vivo em comunicação, já que os outros, os processos mortos, já não podem mais ser catalogados como comunicacionais.A célebre frase de Heráclito que ilustra essa visão é: "não é possível banhar-se duas vezes no mesmo rio”. Afinal, nós já seremos outra pessoa e água também".

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