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sexta-feira, 21 de março de 2008

A PESSOA HUMANA NA SOCIEDADE PÓS-MODERNA

Introdução

A pessoa humana pode ser estudada em suas mais diversas dimensões. Tudo no que se verifica uma influência humana é objeto para estudiosos e com isso temos a cada dia novas descobertas sobre o que somos, nossa trajetória, o que queremos, para onde vamos e como nos relacionamos com tudo e todos que nos cerca. Neste último aspecto dissolvemos a individualidade de cada um e passamos a nos referir a uma sociedade, que por sua vez, representa a pessoa média que a compõe. A partir disso é comum a comparação entre um indivíduo e a sociedade a fim de nortear as verdades da época.

Atualmente temos uma gama de informações gigantesca que permite a veiculação instantânea de opiniões, fatos e relatos que ocorrem em qualquer parte do mundo. Uma das alcunhas dadas à nossa sociedade atual é de “Sociedade da Informação”, na qual foi aprimorado o nível das telecomunicações, principalmente durante a Guerra Fria (1945-1989). Neste período houve o desenvolvimento das redes de computadores em velocidade alta, que mais tarde seriam comercializadas com o nome de Internet.

Outras mudanças de paradigma são encontradas principalmente durante o final do século XIX e todo o século XX, muitas das quais têm seus reflexos sentidos até hoje: o fim do sistema de produção escravagista, a urbanização das cidades, o aumento da população mundial, a mudança do papel da mulher na sociedade, a consciência ecológica e a globalização econômica, apenas para citar alguns exemplos. Some-se a estes fatos suas conseqüências, tais como a favelização das periferias das cidades, o surto de miséria e fome em muitas partes do globo, a deteriorização de valores como família e casamento, intolerância religiosa, aumento de violência urbana e expansão de capital especulativo em qualquer parte do mundo. Em contrapartida, o avanço tecnológico foi assombroso, trazendo melhorias na medicina, economia, astronomia, física, química e tantas outras ciências.

Diante deste quadro, que por sua alta velocidade tende a ser alterado antes que consigamos entendê-lo, muitas dúvidas e incertezas vêm ao pensamento das pessoas. Algumas se apegam aos vícios, outras às religiões, outras tentam acompanhar as mudanças, outras participam das mudanças e temos um cenário que contempla uma diversificação de interesses muito grande. Desta forma os regimes democráticos e capitalistas têm se sobressaído e são adotados na maioria dos países do mundo. Por outro lado acompanhamos ações ditatoriais de intervenção militar e religiões extremistas que polarizam a disputa pela hegemonia global.

Religiões mundiais

Neste ínterim a Antropologia Teológica surge a fim de questionar e refletir sobre o âmbito religioso das pessoas. É muito comum ouvir-se a afirmação de que “a situação atual é ruim, pois falta Deus no coração”. Há um certo fundamento nisso, pois pessoas mais espiritualizadas têm mais consciência de si mesmo e, consequentemente, dos outros, primando pelo diálogo e sabendo colocar-se perante seu ambiente e a micro-sociedade que a cerca.

As maiores religiões mundiais (Catolicismo, Judaísmo e Islamismo) a cada dia têm seus dogmas questionados e há claramente uma diminuição no número de praticantes, seja por novas descobertas da ciência ou pela constatação de que certos dogmas tiveram sua verdade no passado, mas hoje apenas trazem prejuízos àqueles que os praticam. Assim, cresce o número de igrejas, doutrinas e linhas teológicas das mais variadas premissas. Muitas são sérias, estudiosas e primam pela superação e evolução de seus seguidores; outras, apenas aproveitam o momento para manipulações políticas ou enriquecimento.

Outrora um tabu, hoje a discussão sobre religiões é mais aberta e, no caso específico do Brasil, mais tolerada e pacificamente vemos a convivência de pessoas e até famílias com orientações espirituais diferentes, ao contrário do Oriente Médio, por exemplo, no qual as guerras são históricas e sempre há notícias de violência nos choques entre os religiosos.

Auto-conhecimento

A sociedade moderna é repleta de transformações e informações, muita velocidade e necessidade de tomadas de decisões rápidas. Há um dito que sintetiza bem esse momento: “A pessoa humana vive como se não fosse morrer e morre como se não tivesse vivido”. Grande parte desse padrão de pensamento (e consequentemente das experiências vividas por cada um) tem suas raízes ligadas à religião e seus dogmas inquestionáveis, o que reforçou alienação capitalista do trabalho, na qual cada um faz sua parte mas não tem noção do todo e sequer o questiona. É muito comum ouvir-se que as coisas são assim “por que Deus quer”. Porém, esta visão está mudando. A cada dia percebe-se que é necessário o entendimento de todo um processo para que cada um faça sua parte responsavelmente. Neste período de globalização, qualquer erro de planejamento ou execução pode ressaltar em atrasos para outras entidades que estão relacionadas..

Falta às pessoas que se enquadram nesse padrão o diálogo interno e o auto-conhecimento. Este momento de paz, reflexão sobre o passado e realinhamento dos objetivos futuros pode ser encontrado através das religiões ou durante meditações ou mesmo com a ocorrência de idéias que aparecem aparentemente sem nexo causal (“insight”).

A cada momento, temos várias opções; de cada opção, temos escolhas; de cada escolha uma responsabilidade, afinal, seus desdobramentos serão encontrados no futuro. Cada escolha é dada pelas crenças pessoais, por isso o auto-conhecimento e a reflexão tornam-se necessárias para, inclusive, elevar a qualidade de vida de cada um; uma sociedade que é composta de pessoas responsáveis, conscientes e que constroem suas vidas na paz. Pode até soar utópico, mas é possível.

Conclusão

A sociedade moderna contempla uma série de rápidas mudanças que ocorrem nos últimos 150 anos. A pulverização do poder mundial, o aumento da população presente no globo, dentre outros fatores, contribuem para uma nova reorganização da pessoa humana neste contexto. A religião é um dos meios de auxiliar as tomadas de decisões diárias das pessoas, religando-as com Deus. Neste imenso oceano de informações, é possível encontrar as mais diversas vertentes religiosas e visões do que se constitui nosso Universo.

O auto-conhecimento permite uma posição crítica e filosófica perante todos os fatores que nos rodeiam, trazendo fortalecimento interno pessoal e uma postura de paz perante a Vida.

A sociedade moderna opta por ter poucos momentos para a reflexão interna, mas atualmente há um bom nicho da sociedade que está revendo seus conceitos, seus padrões de pensamentos e tornando-se mais tolerantes para com os que pensam de forma diferente. A abertura ao diálogo e o desapego às antigas crenças permitirão a construção de uma sociedade mais científica, mais evoluída e com menos choques culturais.


quinta-feira, 20 de março de 2008

[Livros]: O PRÍNCIPE - MAQUIAVEL - Parte 04

Os quatro capítulos seguintes (O que convém a um príncipe para ser estimado, Dos secretários que os príncipes têm junto de si, Como se afastam os aduladores e . Por que os príncipes da Itália perderam seus estados) abordam temas em comum, mostrando a forma como o governante deve se portar em relação às pessoas mais próximas de si.

O Capítulo XXV, “De quanto pode a fortuna nas coisas humanas e de que modo se lhe deva resistir”mostra através de exemplos, concluindo com a célebre frase “A sorte, porém, como mulher, sempre é amiga dos jovens, porque são menos cautelosos, mais afoitos e com maior audácia a dominam.”

O último capítulo, “Exortação para procurar tomar a Itália e libertá-la das mãos dos bárbaros”, é a conclusão da obra, baseada nas exposições feitas durante a obra.

“para se conhecer a virtude de Moisés foi necessário que o povo de Israel estivesse escravizado no Egito, para conhecer a grandeza do ânimo de Ciro, que os persas fossem oprimidos pelos medas, e o valor de Teseu, que os atenienses estivessem dispersos, também no presente, querendo conhecer a virtude de um espírito italiano, seria necessário que a Itália se reduzisse ao ponto em que se encontra no momento, que ela fosse
mais escravizada do que os hebreus, mais oprimida do que os persas, mais desunida do que os atenienses, sem chefe, sem ordem, batida, espoliada, lacerada, invadida, e tivesse suportado ruína de toda sorte.”

Esse é o ponto de motivação para o inicio da reação italiana, fechando com o seguinte verso:

Virtude contra Furor
Tomará Armas; e Faça o Combater Curto
Que o Antigo Valor
Nos Itálicos Corações Ainda não é Morto.

quarta-feira, 19 de março de 2008

[Livros]: O PRÍNCIPE - MAQUIAVEL - Parte 03

Os cinco capítulos seguintes abordam a conduta do príncipe, através dos seguintes temas:

1 Daquelas coisas pelas quais os homens, e especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados;
2 Da liberalidade e da parcimônia;
3 Da crueldade e da piedade; se é melhor ser amado que temido, ou antes temido que amado;
4 De que modo os príncipes devem manter a fé da palavra dada;
5 De como se deva evitar o ser desprezado e odiado.

Este trecho é marcado por grandes conclusões que até hoje em dia são ministradas em cursos sobre liderança empresarial. A máxima “é melhor ser temido do que ser amado”
pag 28

Em especial o capítulo sobre evitar ser desprezado e odiado, comum àquele que tentam impor-se pelo medo. Nele Maquiavel alerta que o governante deve evitar ser o rapace o usurpador de bens e das mulheres dos súditos. “Desprezível o torna ser considerado volúvel, leviano, efeminado, pusilânime, irresoluto, do que um príncipe deve guardar-se como de um escolho, empenhando-se para que nas suas ações se reconheça grandeza, coragem, gravidade e fortaleza; com relação às ações privadas dos súditos, deve querer que a sua sentença seja irrevogável; deve manter-se em tal conceito que ninguém possa pensar em enganá-lo ou traí-lo.” (pag. 33)

O Capítulo XX trata sobre o seguinte aspecto: “Se as fortalezas e muitas outras coisas que a cada dia são feitas pelos príncipes são úteis ou não”. Desarmar os súditos não é bom, ao contrário de armá-los, uma vez que estas armas passam a ser suas, tornando-os fiéis. Alguns exemplos são citados e outras frases são encontradas, tais como a seguinte: “O príncipe que tiver mais temor de seu povo do que dos estrangeiros, deve construir as fortalezas; mas aquele que sentir mais medo dos estrangeiros que de seu povo, deve abandoná-las.”

terça-feira, 18 de março de 2008

[Livros]: O PRÍNCIPE - MAQUIAVEL - Parte 02

O Capítulo IX aborda o principado civil e a necessidade de muita virtude ou muita fortuna, mais precisamente, uma astúcia afortunada, pois o povo não quer ser mandado e sequer oprimido pelos poderosos. Assim, três efeitos devem ser considerados: ou principado, ou liberdade ou desordem. A melhor forma é chegar ao principado com o favor popular, pois não haverá ninguém (ou, quem sabe, poucos) que não esteja preparado para obedecer.

A força dos principados é analisada no capítulo X. A Alemanha é abordada no seguinte trecho:

As cidades da Alemanha gozam de grande liberdade, têm pouco território e obedecem ao imperador quando assim querem, não temendo nem a este nem a outro poderoso que lhes esteja ao derredor porque são de tal forma fortificadas que todos pensam dever ser enfadonha e difícil sua expugnação. Na verdade, todas têm fossos e muros adequados, possuem artilharia suficiente, conservam sempre nos armazéns públicos o necessário para beber, comer e arder por um ano; além disso, para manter a plebe alimentada sem prejuízo do povo, têm sempre, em comum, por um ano, meios para lhe dar trabalho naquelas atividades que sejam o nervo e a vida daquelas cidades e das indústrias das quais a plebe se alimente. Têm em grande conceito os exercícios militares, a respeito dos quais têm muitas leis de regulamentação.
(págs 20/21)

O último tipo de principado é visto no Capítulo XI (Dos principados eclesiásticos). São aqueles sustentados pelas ordens religiosas e que possuem características bem marcantes:

Só estes possuem Estados e não os defendem; súditos, e não os governam; os Estados, por serem indefesos, não lhes são tomados; os súditos, por não serem governados, não se preocupam, não pensam e nem podem separar-se deles. Somente estes principados, pois, são seguros e felizes.
(pág. 21)

Os três capítulos seguintes (De quantas espécies são as milícias, e dos soldados mercenários, Dos soldados auxiliares, mistos e próprios e O que compete a um príncipe acerca da milícia(tropa) abordam a questão militar em relação ao príncipe. Notadamente é um fator de grande importância para a obtenção e manutenção da ordem dentro dos principados, sendo princípios fundamentais para os Estados “as boas leis e as boas armas”.

segunda-feira, 17 de março de 2008

[Livros]: O PRÍNCIPE - MAQUIAVEL - Parte 01

Esta obra foi escrita como um guia político para Lourenço de Médice. Este trabalho, porém, serviu como base para a ética de manutenção do poder vigente e é encontrada até hoje nos discursos de autoridades ao redor do mundo, justificando muitas decisões políticas.

O livro está dividido em 26 capítulos cujos títulos sintetizam muito bem o escopo de cada lição.

O desenvolvimento de suas idéias começam no Capítulo I que define de quantas espécies são os principados e de que modos se adquirem seguido pelos principados hereditários e dos principados mistos. Segundo Maquiavel, este último é o mais difícil de ser conquistado,
pois o novo príncipe precisa ofender os novos súditos com seus soldados, não podendo mais manter como amigos os que o puseram ali. Algo parecido ocorre quando se conquistam territórios com língua, costumes e leis diferentes, sendo necessária muita habilidade para esta façanha. Seguem alguns exemplos sobre essas conquistas, tais como Luis, Carlos (França), Papa Alexandre, César Borgia, Dario, dentre outros

O capítulo IV (Por que o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a morte deste), mostra a importância de se manter a memória dos principados.

Capítulo V. De que modo se devam governar as cidades ou principados que, antes de serem ocupados, viviam com as suas próprias leis aborda as três formas de governo: através de sua ruína, habitando-o pessoalmente ou apenas cobrando-lhes tributo, criando aos poucos um governo.

Os três capítulos seguintes (Dos principados novos que se conquistam com as armas próprias e virtuosamente, Dos principados novos que se conquistam com as armas e fortuna dos outros e Dos que chegaram ao principado por meio de crimes) abordam o confronto entre os governos, sejam em nível unitário (crime simples) ou massivo (guerras mais longas). Grandes “príncipes” dotados de virtuosidade são citados, tais como Moisés, Ciro, Rômulo e Teseu. Francisco Sforza e César Bórgia são citados como príncipes que atingiram este status através da virtude ou da fortuna. Alexandre é citado nestas passagens com grande veemência, como mostra o trecho a seguir.

Mas, quanto às futuras, ele tinha a temer, inicialmente, que um novo sucessor ao governo da Igreja não fosse seu amigo e procurasse tomar-lhe aquilo que Alexandre lhe dera; e pensou proceder por quatro modos: primeiro, extinguir as famílias daqueles senhores que ele tinha espoliado, para tolher ao Papa aquela oportunidade; segundo, conquistar todos os gentis-homens de Roma, como foi dito, para poder com eles manter o Papa tolhido; terceiro, tornar o Colégio mais seu o quanto possível; quarto, conquistar tanto poder antes que o pai morresse, que pudesse por si mesmo resistir a um primeiro impacto. Destas quatro coisas, à morte de Alexandre ele havia realizado três, estando a quarta quase terminada: porque dos senhores despojados ele matou quantos pode alcançar e pouquíssimos se salvaram; tinha conseguido o apoio dos gentis-homens romanos e no Colégio possuía mui grande parte; e, quanto à nova conquista, resolvera tornar-se senhor da Toscana, possuía já Perúgia e Piombino e havia tomado a proteção de Pisa.
(pág. 15)