quarta-feira, 11 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 06

(b) O conceito de ente: o Aquinate concebe o ente analogamente. O conceito de ente não é unívoco, porque não se diz só e da mesma maneira de um único ser. O que é unívoco? O conceito unívoco diz-se do nome que significa uma mesma essência, que se diz de uma única natureza, ou seja, a conveniência do nome com a natureza, como no caso do nome Deus [S.Theo.I,q5,a6,ad3/q13,a10,c/In II Sent. 22,1,3,ad2]. O conceito de ente não é equívoco, porque não é o que significa várias coisas por um mesmo nome [C.G.4,49], como ocorre na ambigüidade, onde se toma a similitude entre as realidades, mas a unidade do nome [C.G.1,33] em que não há proporcionalidade entre o nome e a essência, ou seja, o nome é comum, mas as subtâncias diversas, como ocorre com o nome cão dito do animal, da constelação e do temperamento irascível do homem [S.Theo.I,q4,a2,c]. O conceito de ente não é genérico, porque não inclui todas as diferenças [In I Met. lec.9, n.139] predicáveis do ente que fazem parte da definição, como o conceito de animal que inclui as diferenças racional e irracional [S.Theo.I,q3,a5,c], como no conceito de ente não entra alto, magro, baixo, gordo etc. O conceito de ente é análogo, porque resulta da comparação entre os diversos entes, por proporção [S.Theo.I,13,a5,c], em que o nome, segundo um significado aceito, é posto na definição de algo, com outro significado [S.Theo.I,13,a10,c], como o que se diz de algo que comumente se aplica a muitos [In I Sent.22,1,3,ad2], como saudável dito do alimento e do corpo que dele se alimenta. O ente considerado em si mesmo, como algo que existe fora da mente, de modo autônomo e independente, é dito essencial, como o abacateiro. O ente considerado como algo que existe fora da mente, mas que existe em outro, como algo que depende da existência do outro, é dito acidental, como o tom de cor verde do abacateiro. O ente que existe fora da mente é dito real porque é uma realidade concreta e singular e o ente que é considerado pela e na mente é dito de razão, porque ou é uma imagem ou um conceito abstrato e universal. O ente que já é o que é, é dito ente em ato, como o abacateiro é abacateiro em ato. O ente que vem a ser o que ainda não é é dito ente em potência, como a semente de abacateiro que ainda não é abacateiro em ato, senão só em potência. Neste sentido, ente se diz da essência, do acidente, real e de razão, da potência e do ato [In V Met. lec.9, n.885]. Mas há que advertir que ente por acidente não é propriamente ser [In XI Met. lec.8, n.2272] e, por esta razão, não há ciência acerca do ente por acidente [In VI Met. lec.2, n.1172-1176].
O ente que é considerado abstraído da realidade concreta, pelo intelecto, é dito ente abstraído ou, como já dissemos, ente de razão [STh.I-II,q8,a1,ad3]. Há o ente de razão com fundamento no real, dito desta maneira porque resultou da abstração de uma realidade concreta, como o conceito de maçã. Há, também, o ente de razão raciocinado, enquanto produzido pela razão só a partir dos dados da imaginação, com as imagens que já existem nela, daí ente de razão derivado do raciocínio da razão, como produzido pela imaginação, por exemplo, uma maçã com asas, ou minotauro. Daí, ente de razão com fundamento no real e ente de razão raciocinado ou raciocinante. De qualquer modo, a consideração do ente de razão é póprio da Lógica [In IV Met. lec.4, n.574] e do ente real, considerado em si mesmo, é próprio da Metafísica. Em um e outro caso, o estudo do ente é primeiríssimo, porque é o que primeiro capta o intelecto quando considera o real [In I Met. lec.2, n.46]. Concluindo, quando o intelecto concebe o ente afirma que o ente é aquilo que é e o não-ente aquilo que não é, sendo impossível conceber o ente sendo e não sendo ao mesmo tempo. Desta captação do ente real, o intelecto, a partir dos primeiros princípios de conhecimento que possui como hábitos, formula os primeiros princípios de demonstração.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 05

(a) Os primeiros princípios de demonstração: Para o Aquinate princípio significa aquilo de que algo procede e que contribui para a produção e demonstração de qualquer coisa [STh.I q33 a1, c]. Segundo o Aquinate, está inscrito na natureza intelectiva do homem o hábito dos primeiros princípios teóricos, também conhecidos como hábitos dos primeiros princípios do conhecimento. É a partir do uso do hábito dos primeiros princípios que se intui o hábito dos primeiros princípios da demonstração do conhecimento. Por tal intuição não somente se aperfeiçoa a inteligência como, também, a inclina para o conhecimento da verdade universal. Tal exercício dispõe a vitude intelectual especulativa dos hábitos dos primeiros princípios [STh. I-II,q57,a1]. A tal intuição do primeiro princípio de demonstração, segue-se a concepção do ente, como aquilo que é, e do não-ente, como aquilo que não é. Tal concepção é necessária e a constatação do princípio é evidente para o intelecto, quando concebe o ente. Esta evidência conclama o estabelecimento da existência do primeiro princípio do conhecimento, denominado princípio de contradição, ou princípio da não-contradição, este que não precisa ser demonstrado, porque é antes o que demonstra tudo mais que o intelecto concebe e que marca a oposição por contradição entre coisas que são e as que não-são [STh.I-II,q35,a4,c], entre o universal e o particular [STh.I-II,q.77,a2,ob3] e entre a afirmação e a negação [In I Peri. c.16], de cuja oposição se segue o corolário de que é impossível afirmar e negar ao mesmo tempo [STh.I-II,q94,a2] e que o ente é e não é, simultaneamente, uma mesma realidade [In IV Met. lec.6]. Do primeiro princípio da contradição, no qual todos os demais princípios se fundamentam [STh.I-II,q94,a2;De ver.q5,a2,ad7], seguem-se o princípio de identidade, que afirma que o ente é o que é [STh.I,q13,a7], o princípio do terceiro excluído, que sustenta não haver um meio termo entre ente e não-ente [STh.I-II,q94,a2;De ver.q5,a2,ad7], o princípio de causalidade, que afirma toda causa produzir um efeito proporcional [In IV Sent.d1,q1,a4;STh.I,q79,a13] e o princípio de finalidade, que sustenta que todo agente opera por causa de um fim [In I Sent.d35,q1,a1]. Resta agora considerar de que está constituído o ente, sua natureza.

sábado, 7 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 04

Ente, Ato de ser e existência
O método filosófico, como vimos, é o da indução e o da dedução [In De Trin.lec2,q2,a1,c3]. No método resolutivo ou indutivo, o procedimento é partir da análise dos efeitos à causa. Neste procedimento o Aquinate constrói a sua metafísica do ser, cujo cume efetua uma resolução global de tudo o que existe por participação naquilo que existe por essência e tudo o que é devir no ser [De subst. sep.c9,n94]. O método filosófico é posto a serviço da teologia. O método próprio da teologia é o resolutivo ou dedutivo, ou seja, o que vai dos princípios universais e simples dos quais derivam todos os outros [STh.I-II,q14,a5,c].
O que move o teólogo a argumentar não são os primeiros princípios metafísicos, mas os artigos de fé. Contudo, o Aquinate compõe a sua demonstração teológica com uns e outros, harmonizando-os [In De Trin.proem.q2,a2]. Por meio dos artigos de fé, o crente pode vir a chegar a outras conclusões, discorrendo dos princípios às conclusões [In De Trin.proem.q2,a2]. Por isso, a teologia é, também, ciência e todas as demais ciências a ela subordina, porque seus princípios se subordinam, na demonstração, aos princípios da teologia, que são os artigos de fé [STh.I,q1,a2,c].
Ao método dedutivo junta-se à metodologia teológica tomista o argumento de autoridade, cuja autoridade é a Sagrada Escritura. O método indutivo da filosofia é instrumento do da teologia. A filosofia mediante o seu método pode demonstrar os prâmbulos da fé, mas não os artigos de fé, que são dados revelados pela Escritura. O método filosófico pode indicar certa conveniência dos fatos da fé, tentar dar uma explicação limitada pelo intelecto e demonstrar a conexão entre os artigos de fé. Por via negationis o método de demonstração filosófico pode estabelecer como os argumentos contrários aos artigos de fé são falsos e inconclusivos [In De Trin.proem.q2,a3].
Em qualquer caso, o método filosófico é fundamental para a demosntração teológica. Com ele, são igualmente importantes os princípios da metafísica tomista, porque são os elementos de toda e qualquer ulterior demosntração. As noções de primeiros princípios, ente, ato de ser, essência e existência são fundamentais para a metodologia tomista.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 03

2.2. Método metafísico
O Aquinate estabelece duplo método: um ascendente, denominado resolutivo -resolutio-, que parte das determinações particulares às resoluções universais, que não é outra coisa que a indução; e outro descendente, denominado compositivo -compositio-, que inversamente parte das resoluções universais às composições particulares, que não é senão a dedução.
(a) A simples apreensão: a simples apreensão defini-se como o ato por meio do qual o intelecto conhece alguma essência, na medida em que simultaneamente afirma ou nega, por cujo conhecimento produz-se o conceito. Em outras palavras, por apreensão simples entende-se o ato, por meio do qual, o intelecto apreende de modo absoluto, a seu modo e tornando o que apreende semelhante a si mesmo, algo do real . Por isso, o Aquinate, seguindo o que Aristóteles afirmara, denominou a simples apreensão de intelecção indivisível. Por intelecção indivisível entende-se a intelecção absoluta que o intelecto produz, por si mesmo, da qüididade de alguma coisa.
(b) O singular: O intelecto produz o conceito, a partir do que considera da realidade. Mas a realidade, fora da mente, apresenta-se em sua existência singular. O que é o singular? Por singular entende-se algo individual, de nenhum modo comunicável a muitos , cuja nota essencial é ser único e distinto de todos os demais , de tal maneira que não pode ser definido . Do que se segue, que o singular não é apto naturalmente a ser predicado de muitos, senão de um só, ou seja, de si mesmo . Neste sentido, o singular é o que pode ser mostrado, designado, apontado ou indicado com o dedo. Assim sendo, o intelecto apreende, por abstração, a natureza do singular, de um modo mental, universal e a expressa por um conceito. Mas o que é abstração?
(c) A abstração: Por abstração entende-se o ato de abstrair, que é o ato que o intelecto faz quando apreende e torna universal e semelhante a si mesmo, uma realidade singular que existe fora do próprio intelecto. Abstrair é separar de algo singular toda a sua materialidade e movimento . Neste sentido, a abstração significa o ato intelectual, por meio do qual o próprio intelecto torna inteligível o que ele considera e que existe fora da mente, de modo singular, sensível e individual. No ato do conhecimento, a abstração é o primeiro e mais nobre ato do intelecto, como sendo a sua mais perfeita operação . Em outras palavras, a abstração é o modo pelo qual o intelecto processa o conhecimento do real concreto, inclinando-se a ler por dentro - intus legere - a natureza, a essência do real concreto que ele considera, pois só abstraindo-a de sua sensibilidade pode ele conhecer a sua forma em ato , a sua natureza, já que para conhecer o singular é sempre necessário abstrair . Mas o que busca o intelecto? O intelecto quando abstrai busca considerar o singular em sua universalidade; busca, portanto, produzir uma representação universal do singular , ou seja, o intelecto produz uma similitude universal, inteligível do que no real existe de modo singular e material. Mas se o intelecto ordena-se a produzir, pela abstração, uma similitude universal do que considera do real, a primeira questão a saber é: o que é universal?
(d) O Universal: Etimologicamente, universal significa unum versus alia, um que se verte em muitos. Em seu significado real, universal é o que por natureza é apto a predicar-se de muitos . Ora, se o universal é o que é apto de predicar-se de muitos, isso significa que o que é universal é comum de muitos. Do que se segue, que universal e comum de muitos são sinônimos . Cabe frisar que o intelecto somente produz o universal por abstração , pois o intelecto, pela abstração, ao produzir o universal, concebe o conceito, a partir do qual se expressa a essência universal da coisa particular, que ele considerou. Assim, pois, algo é considerado universal não somente quando o nome predica-se de muitos, mas, também, quando o que é significado pelo nome, pode dar-se em muitos . Cabe, ainda, distinguir o universal lógico do universal metafísico: o universal considerado em si mesmo, em seu conteúdo real e metafísico, é o universal metafísico; o universal enquanto conceito universal, desde um ponto de vista de sua predicação, é o universal lógico . O universal lógico é real, porém abstrato . Face a isso, cabe saber o que é o conceito.
(e) O conceito: O conceito é fruto da concepção que o intelecto faz pela abstração, ao considerar a universalidade da natureza de algo singular. Por concepção entende-se, neste contexto da lógica, a geração ou a produção de um conceito, por parte do intelecto . Pela concepção o intelecto produz uma palavra ou verbo mental, no qual encontra-se a similitude inteligível abstraída da coisa concreta, sem que com isso se estabeleça uma identidade entre natureza que concebe e a natureza concebida, pois o que o intelecto produz é uma similitude do objeto real . O conceito é uma voz mental, cujo sinal sensível é um nome que indica certo significado . Por isso, aquelas simples concepções que são produzidas pelo intelecto são vozes mentais - palavras interiores - que significam alguma coisa . Alguns conceitos, por razão de sua universalidade, são mais abrangentes do que outros, como o conceito animal que é mais extenso do que o conceito homem, já que aquele se extende e se predica de mais realidades do que este. Ao contrário, o conceito homem é mais compreensível do que o de animal, porque é menos extenso do que aquele. Esta distinção, segundo a universalidade, é o que determina a extensão e a compreensão do conceito.
Exige-se, para a expressão do verbo mental, os sinais lingüísticos, que por meio de palavras, nomes e verbos expressam o conceito e o seu significado. A obtenção do conceito é o cume da aplicação do método indutivo tomista.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 02

2. A Metodologia Tomista
É mérito de Tomás de Aquino a inovadora exegese filosófica. Não se pode aproximar-se da filosofia tomista sem se dar conta da importância do seu método.
2.1. Prolegômenos
O Aquinate se vale, como método, da procedência do estudo de casos mais simples e concretos para chegar à análise dos mais complexos e abstratos. Por isso, parte da análise das realidades sensíveis, na medida em que busca chegar, a partir disso, à análise das realidades imateriais. Neste sentido, o seu método começa por compreender o ente sensível, sua causa próxima e seus princípios, para ir ascendendo ao ente suprasensível, na consideração de sua causa remota. No Tomismo quase toda investigação é segundo este procedimento.
Ele se faz onipresente às suas exposições filosóficas. Não obstante, apesar de tudo isso, para o Aquinate, o método não passa de um instrumento filosófico, que por sua vez é servo da Teologia. Por isso, para o Aquinate o método é, por excelência, instrumento da razão humana racional para melhor conhecer a verdade das coisas. (a) Fontes: Duas são as fontes da metodologia tomista: a lógica aristotélica e a o método escolástico. Da lógica aristotélica [In II Met.lec5] herdou o modo argumentativo e demonstrativo e da escolástica o modo expositivo das questões. Além desta herança, desenvolveu o seu próprio método: a linguagem analógica, um método filosófico com aplicação teológica [STh.I,q1,a1,c], que se fundamenta em duas doutrinas - a doutrina do ato de ser e a da participação.
O Aquinate analisa as questões que trata e as expõe comentando, criticando, sempre partindo das idéias mais simples às mais complexas, pautando os seus argumentos nos princípios invioláveis da razão e comparando-as analogicamente, afirmando o que há de verdadeiro, negando o que há de falso e corrigindo o que seja passível de correção. (b) Regra geral: Via de regra, o Aquinate parte da análise das coisas simples para chegar à consideração das mais complexas. Podemos dizer que o método tomista, no geral, é indutivo, ou seja, por via de indução, isto é, aquele que vai do particular ao universal. Analisa-se, primeiramente, as coisas singulares e procura extrair delas o que seja comum de todas. Em linhas gerais, a indução pode ser compreendida como a ida dos efeitos à causa
. O processo que extrai dos singulares o que é comum de muitos é denominado abstração. O intelecto abstrai dos singulares o que é comum de todos que por ele é considerado. Fundamentado nos princípios retos que o constituem, ou seja, os primeiros princípios intelectivos, como o da não contradição, o intelecto, mediante a sua aplicação nas coisas singulares que conhece, comparando-as entre si, formula e concebe um conceito, uma noção universal que se diz, predica comumente de todos os singulares considerados antes pelo intelecto.
Uma vez estabelecido tais conceitos, o intelecto quando os predica das coisas, julga-os, deles fazendo um juízo de veracidade ou falsidade, de acordo com a adequação ou não com o real singular. Daí em diante, entra em vigor a via dedutiva, ou a dedução, em que o intelecto pela análise e crítica do conceito em sua aplicação e predicação, julga-o e examina-o segundo a adequação ou inadequação com o real.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 01

1. Origem
O vocábulo metodologia, no contexto filosófico, teve a sua utilização intensificada a partir da obra de Pedro Ramus, Dialecticae institutiones, de 1543.
A Metodologia tem quatro sentidos: lógico, como parte da lógica que estuda os métodos; lógica transcendental aplicada; conjunto de procedimentos metódicos de uma ou mais ciências e análise filosófica de tais procedimentos.
Entende-se, aqui, por metodologia a análise filosófica dos métodos e procedimentos de uma ciência. Em síntese, metodologia é o estudo dos métodos, das etapas a seguir num determinado processo, cuja finalidade é captar e analisar as características dos vários métodos disponíveis e avaliar suas capacidades, potencialidades, limitações ou distorções, bem como criticar os pressupostos ou as implicações de sua utilização. Além de ser uma disciplina que estuda os métodos, a metodologia é também considerada uma forma de conduzir a pesquisa. A palavra metodologia que é composta de dois vocábulos: mšqodoj = caminho para chegar a um fim [metodos+logia= metodologia] serve adequadamente para significar o estudo filosófico do método tomista.
Aqui tomamos Metodologia Tomista para designar o estudo do método que o Aquinate seguiu para desenvolver sua pesquisa filosófico-teológica.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Nascimento da Filosofia - Parte 03

Conclusões

O nascimento da Filosofia foi propiciado por uma série de fatores que ocorriam na sociedade grega por volta dos séculos VI e VII a.C. O contato com outras culturas, o desenvolvimento do comércio e as necessidades de expansão das navegações tornaram fecundos os questionamentos racionais sobre o mundo percebido pelas pessoas naquele ponto do espaço-tempo. Os mitos, que explicavam a origem e a ordem do mundo posto, deram lugar ao pensamento racional, sendo possível o alcance do entendimento ao homem a partir de seus pensamentos, não mais por revelações divinas.

Os primeiros filósofos voltavam suas atenções para a natureza e encontravam, durante suas reflexões, a necessidade de estabelecer qual era o princípio gerador de tudo. Este princípio é chamado de arqué. Muito foi desenvolvido a respeito deste conceito, tendo os mais variados elementos defendidos pelos filósofos: a água, o ar, o fogo, os números, o átomo. Porém, esta é uma discussão que se apresenta até nossos dias, sem uma conclusão satisfatória. Este tipo de pensamento racional deu origem às ciências naturais, que estão presentes em nossos estudos cotidianos até os dias de hoje.

A investigação dos fenômenos naturais e o espírito crítico dos primeiros filósofos ainda permanecem presente entre nós, permitindo o avanço do pensamento humano e o conhecimento do mundo no qual estamos inseridos.