2. A Metodologia Tomista
É mérito de Tomás de Aquino a inovadora exegese filosófica. Não se pode aproximar-se da filosofia tomista sem se dar conta da importância do seu método.
2.1. Prolegômenos
O Aquinate se vale, como método, da procedência do estudo de casos mais simples e concretos para chegar à análise dos mais complexos e abstratos. Por isso, parte da análise das realidades sensíveis, na medida em que busca chegar, a partir disso, à análise das realidades imateriais. Neste sentido, o seu método começa por compreender o ente sensível, sua causa próxima e seus princípios, para ir ascendendo ao ente suprasensível, na consideração de sua causa remota. No Tomismo quase toda investigação é segundo este procedimento.
Ele se faz onipresente às suas exposições filosóficas. Não obstante, apesar de tudo isso, para o Aquinate, o método não passa de um instrumento filosófico, que por sua vez é servo da Teologia. Por isso, para o Aquinate o método é, por excelência, instrumento da razão humana racional para melhor conhecer a verdade das coisas. (a) Fontes: Duas são as fontes da metodologia tomista: a lógica aristotélica e a o método escolástico. Da lógica aristotélica [In II Met.lec5] herdou o modo argumentativo e demonstrativo e da escolástica o modo expositivo das questões. Além desta herança, desenvolveu o seu próprio método: a linguagem analógica, um método filosófico com aplicação teológica [STh.I,q1,a1,c], que se fundamenta em duas doutrinas - a doutrina do ato de ser e a da participação.
O Aquinate analisa as questões que trata e as expõe comentando, criticando, sempre partindo das idéias mais simples às mais complexas, pautando os seus argumentos nos princípios invioláveis da razão e comparando-as analogicamente, afirmando o que há de verdadeiro, negando o que há de falso e corrigindo o que seja passível de correção. (b) Regra geral: Via de regra, o Aquinate parte da análise das coisas simples para chegar à consideração das mais complexas. Podemos dizer que o método tomista, no geral, é indutivo, ou seja, por via de indução, isto é, aquele que vai do particular ao universal. Analisa-se, primeiramente, as coisas singulares e procura extrair delas o que seja comum de todas. Em linhas gerais, a indução pode ser compreendida como a ida dos efeitos à causa
. O processo que extrai dos singulares o que é comum de muitos é denominado abstração. O intelecto abstrai dos singulares o que é comum de todos que por ele é considerado. Fundamentado nos princípios retos que o constituem, ou seja, os primeiros princípios intelectivos, como o da não contradição, o intelecto, mediante a sua aplicação nas coisas singulares que conhece, comparando-as entre si, formula e concebe um conceito, uma noção universal que se diz, predica comumente de todos os singulares considerados antes pelo intelecto.
Uma vez estabelecido tais conceitos, o intelecto quando os predica das coisas, julga-os, deles fazendo um juízo de veracidade ou falsidade, de acordo com a adequação ou não com o real singular. Daí em diante, entra em vigor a via dedutiva, ou a dedução, em que o intelecto pela análise e crítica do conceito em sua aplicação e predicação, julga-o e examina-o segundo a adequação ou inadequação com o real.
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