Na obra "O Banquete", de Platão, um ponto já se acha estabelecido e, daqui para frente, não se poderá ignorá-lo: o amor deseja o que não possui; desejando o belo e o bom, esta privado deles; não poderia, portanto, ser um deus, já que esta marcado por essa falta. Contudo, não é um mortal; será, então, um intermediário (metaxu) entre um e outro mortal (202d).
Ao mesmo tempo meio e mediador, entre dois mundos (mortal e imortal, sensível e inteligível...), participa dos dois ao mesmo tempo. Eros é um “demônio” (daimon), cuja função é essencialmente a de síntase. Nesse ponto da análise, o mito vem, felizmente, em socorro de uma argumentação que se mostra delicada: feito de contrastes solidários, Eros é, antes de mais nada, uma síntese das características herdadas de seus pais.
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