terça-feira, 13 de maio de 2008

RELAÇÃO ENTRE AMOR E FILOSOFIA - Parte 03

Amor, intermediário e mediador

Platão daí deduz três conseqüências que enfatizam sua condição de “intermediário”: não é mortal nem imortal, indigente nem opulento, ignorante nem sábio; é um “meio-termo” que participa desses contrastes sem se confundir com nenhum deles. O último par dos contrastes é essencialmente interessante e permite uma extensão significativa. É por estar no meio, entre a ignorância e o saber, que o amor é filósofo. Um deus não filosofa, já que sabe; o ignorante não filosofa, pois nem mesmo sabe que não sabe; portanto, eles não tem necessidade nem desejo. Eros está consciente da carência e aspira, com todo o seu ser, a preenchê-la. Parte à conquista do saber, e é essa busca ou conquista – a alegoria da caverna já nos tinha ensinado – que se chama filosofia. Assim, a filosofia é amor, o amor é filósofo, e Sócrates é o protótipo acabado dessas duas mediações salvadoras.

Amar é conceber na beleza, em conformidade com a alma e o corpo”. O amor, expressão de nossa indigência fundamental, será também o trampolim privilegiado para o acesso ao essencial: a contemplação do absoluto.

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