sexta-feira, 27 de junho de 2008

[Livros]: CRÍTICA DA RAZÃO PURA - KANT - Parte 05

Método

Busca os princípios da sensibilidade a priori a fim de buscar a Estética Transcendental
Manter a sensibilidade, ou seja, “a capacidade de obter representações mediante o modo como somos afetados por objetos”, isolada a fim de possibilitar a intuição empírica buscar a intuição pura (que a sensibilidade oferece a priori), sendo as formas pura de intuição o espaço e o tempo.

Ao objeto indeterminado de uma intuição empírica é dado o nome de fenômeno. Os fenômenos tem uma matéria e uma forma, aquela é descrita como o que no fenômeno corresponde à sensação e esta como a ordenação do múltiplo dos fenômenos em determinadas
relações. Assim, a matéria de todos os fenômenos só pode ser dada a posteriori; o que não é o caso para a forma dos fenômenos que estão na mente a priori, e isso faz com que ela seja considerada sem a preocupação com as sensações.

Espaço

É a forma pura da intuição sensível uma vez que é um dado a priori. O espaço é a condição para que os fenômenos ocorram, não sendo possível pensar em nenhum objeto fora do espaço

“Pois a representação do espaço já tem estar subjacente para certas sensações se referirem a algo fora de mim, e igualmente para eu poder representá-las como fora de mim e uma ao lado da outra e por conseguinte não simplesmente como diferentes, mas como situadas em lugares diferentes. Logo, a representação do espaço não pode ser tomada emprestada, mediante a experiência, das relações do fenômeno externo, mas esta própria experiência externa é primeiramente possível só mediante referida representação”.

Tempo

É a outra forma de intuição sensível pura pois, para que algo seja dado à percepção é necessária sua sucessão.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

BEHAVIORISMO RADICAL - Parte 6

Conclusões

Os estudos sobre a influência do meio ambiente sobre o animais e seres humanos mostraram a clara interação entre estímulos e respostas que modelam seus comportamentos. O mecanismo do Condicionamento Operante permite que a Psicologia veja o comportamento humano como observável, mensurável e controlável.

As descobertas do behaviorismo podem ser utilizadas como um agente de mudança de comportamento na educação, sendo parte integrante e fundamental do processo de aprendizagem.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

[Livros]: CRÍTICA DA RAZÃO PURA - KANT - Parte 04

O Sublime
Este é um estado subjetivo que deve ser diferencia do belo. O sublime “resulta do livre jogo da fantasia e da razão: daí fundar-se não numa harmonia, mas num contraste; não no equilíbrio de uma forma finita, que supera toda forma particular. O juízo do sublime surge do sentimento, que, em correspondência com uma intuição leva o espírito a retirar-se da esfera da sensibilidade, na qual ameaça perder-se, para refugiar-se em uma ordem pura. Esta sua natureza faz com que o sublime, mais que o belo, elevando o espírito à esfera da razão, o encaminhe à consciência pura da moralidade.” [FI]
Diferenças entre o belo e o sublime
O primeiro inspira alegria e amor enquanto que o segundo, medo e respeito. Assim, o sublime será a verdadeira virtude e o belo é o que nos torna agradáveis e simpáticos para os outros. E , por fim, Kant entende por intuição pura ou forma pura da sensibilidade aquela disposição que está na mente a priori; o a priori é aqui usado no sentido de inato, ou seja, como aquela estrutura que já nascemos com ela e desconhecemos sua origem.

BEHAVIORISMO RADICAL - Parte 5

Behaviorismo e educação

Skinner propôs suas conclusões na utilização da Educação, em especial o uso do reforço positivo e recompensas durante o processo de aprendizagem, sendo social e pedagogicamente mais aceitáveis do que o reforço negativo e a punição.
Ele demonstrou que mediante reforços negativos ou punições, o índice de resultados positivos é mais baixo do que com a utilização de dos reforços positivos. Skinner considerava o sistema escolar predominante um fracasso por se basear na presença obrigatória, sob pena de punição. Ele defendia que se dessem aos alunos "razões positivas" para estudar, como prêmios aos que se destacassem.

terça-feira, 24 de junho de 2008

BEHAVIORISMO RADICAL - Parte 4

Tipos de Reforço

O estímulo reforçado foi chamado por Skinner de reforço, ocorrendo a existência de dois tipos de reforços: o positivo e o negativo. O reforço positivo aumenta a possibilidade de que o comportamento se repita e o reforço negativo, que não ocorra novamente.

A punição não deve ser confundida com reforço negativo. Ela está ligada a um desprazer (estímulo) que se faz presente após um determinado comportamento não pretendido por aquele que a aplica, enquanto que o reforço negativo ocorre pela ausência (retirada) do desprazer após a ocorrência de um comportamento pretendido por aquele que o promove.

Um exemplo do aspecto anti-pedagógico da punição, citado por Skinner:

"O pai reclama do filho até que cumpra uma tarefa: ao cumpri-la, o filho escapa às reclamações (reforçando o comportamento do pai). Um professor ameaça seus alunos de castigos corporais ou de reprovação, até quem resolvam prestar atenção à aula; se obedecerem estarão afastando a ameaça de castigo (e reforçam seu emprego pelo professor). De um ou outra forma, o controle adverso intencional é o padrão de quase todo o ajustamento social - na ética, na religião, no governo, na economia, na educação, na psicoterapia e na vida familiar.”

Outro tipo de reforço é a Extinção, que se apresenta quando um estímulo que previamente reforçava a conduta deixa de atuar.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

BEHAVIORISMO RADICAL - Parte 3

O Condicionamento Operante ou Instrumental

O condicionamento operante baseia-se no princípio de que ao apresentar algum reforço agradável após um comportamento, este repetir-se-á com maior probabilidade no futuro.
Esta tese foi confirmada com uma experiência conhecida como Caixa de Skinner, descrita a seguir: um rato foi privado de água durante 24 horas e colocado em um caixa na qual existia um mecanismo que, ao ser acionado, fornecia água do animal.
Com o passar do tempo, o rato acionou este mecanismo e recebeu um pouco de água. Este comportamento (acionar o dispositivo) dava uma resposta positiva do ambiente (água) e com isso o rato passou a ter seu comportamento modificado, fazendo uma ação que não é comum à sua espécie.

[Livros]: CRÍTICA DA RAZÃO PURA - KANT - Parte 03

Estética Transcendental

Entende, Kant, que a estética transcendental é a ciência de todos os princípios da sensibilidade a priori.

O intermediário entre a razão (que possui função prática) e o intelecto (cuja função está ligada aos fenômenos) é a atividade de criar juízos estéticos. Segundo [FI], “O juízo estético é uma intuição do inteligível no sensível, não uma intuição objetiva, mas subjetiva. Esse juízo não tem valor cognitivo, não proporciona nenhum conhecimento do objeto que provoca; não consiste num juízo sobre a perfeição do objeto e é válido independentemente dos conceitos e das sensações produzidas pelo objeto”.

Kant diferencia dois tipos de sensações: a representação da uma coisa lógica, ligada a um objeto (aisthesis) e a sensação ligada aos sentimentos de prazer e desprazer, ligada ao sujeito (estética).

O juízo da faculdade do sentimento é reflexivo e não tem valor cognitivo pois independem do desejo. O prazer do belo é, então, puramente subjetivo, não trazendo conhecimento sobre o objeto que o provoca.[IM]

domingo, 22 de junho de 2008

BEHAVIORISMO RADICAL - Parte 2

Behaviorismo Radical

A criação dos princípios e teoria do behaviorismo radical é atribuída a Burruhs F. Skinner. O termo radical é aplicado pois ele nega a existência de algo que esteja fora do mundo físico (mente, consciência, cognição) e por aceitar todos os fenômenos comportamentais.
O Behaviorismo apresenta três pontos centrais:
  • A Psicologia é a ciência do comportamento, e não a ciência da mente.
  • O comportamento pode ser descrito e explicado sem recorrer aos esquemas mentais ou aos esquemas psicológicos internos.
  • A fonte dos comportamentos é o ambiente (que pode ser inclusive os órgãos internos) e não a "mente" interna individual.
Segundo Skinner, "uma análise científica do comportamento deve supor que o comportamento de uma pessoa está controlado por suas histórias genética e ambiental, e não pela pessoa mesma como agente iniciador e criativo; mas não há aspecto da posição comportamentalista que tenha dado lugar a objeções mais violentas que este. Desde logo, não podemos provar que o comportamento humano como um todo está completamente determinado, mas esta proposição vai fazendo-se mais plausível à medida em que se acumulam os fatos, e creio que há chegado ao ponto em que se deve considerar seriamente suas implicações."

Assim, o comportamento humano é resultado de três processos de variação e seleção:
  • Seleção Natural (genética do indivíduo)
  • Transformação das culturas
  • Condicionamento Operante ou Instrumental

sábado, 21 de junho de 2008

BEHAVIORISMO RADICAL - Parte 1

Introdução

O Behaviorismo (do inglês Behavior), também chamado de teoria comportamental ou ainda comportamentismo é uma área da Psicologia que aborda o ser humano a partir de seu comportamento. Foi iniciada a partir da publicação de A Psicologia tal como a vê um Behaviorista, de John B. Watson, em 1913.

Por comportamento entende-se a “interação entre aquilo que o sujeito faz e o ambiente onde ‘fazer’ acontece”, criando um fluxo entre as ações do indivíduo e as estimulações proporcionadas pelo ambiente.

Os estudos de Watson foram influenciados por Ivan Pavlov, filósofo russo, que descobriu que os cães salivavam não somente ao perceber a comida, mas também quando associam algum gesto ou som à sua alimentação (comportamento reflexo). Estas observações estão ligadas aos mecanismos fisiológicos de animais e seres humanos. Pavlov mostrou que um estímulo incondicionado provoca uma resposta incondicionada; um estímulo condicionado, uma resposta condicionada; e um estímulo incondicionado associado a um estímulo neutro passa a ser condicionado. Esta descoberta é conhecida como condicionamento clássico ou condicionamento respondente.

O comportamentismo vê o aspecto humano de forma objetiva, demonstrando que o comportamento do ser humano é observável, mensurável e controlável, como ocorre nas ciências exatas.

Outra grande contribuição proveio de Albert Bandura, que observou nas situações sociais o aprendizado através da imitação, observação e reprodução dos comportamentos dos outros.
Porém, apenas o mecanismo estimulo-resposta (reflexo) não é suficiente para explicar o comportamento humano como um todo. Nesta linha, surge o behaviorismo radical, que amplia os estudos do behaviorismo.

[Livros]: CRÍTICA DA RAZÃO PURA - KANT - Parte 02

Juízos

Na Crítica da razão pura são encontradas as distinções entre os juízos.

Juízos a priori e a posteriori: são noções epistemológicas para definição de um juizo. Entende-se por a priori como o juízo que independe de experiência; a posteriori é o que depende da experiência.

Juizos analíticos e sintéticos: juízo analítico é aquele em que o conceito do predicado está contido no sujeito. Se o predicado está fora do conceito do sujeito, o juízo é sintético.

Os juízos analíticos são a priori. Já os sintéticos podem ser a priori ou a posteriori

A exposição transcendental é a explicação de um conceito como o princípio a partir do qual se possa compreender a possibilidade de outros conhecimentos sintéticos a priori.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

[Livros]: CRÍTICA DA RAZÃO PURA - KANT - Parte 01

Esta obra é considerada um grande divisor d´águas na filosofia. Kant inicia suas teses através da da distinção entre o conhecimento puro e o empírico. Afinal “Não se pode duvidar de que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência, porque, com efeito, como haveria de exercitar-se a faculdade de se conhecer, se não fosse pelos objetos que, excitando os nossos sentidos, de uma parte, produzem por si mesmos representações, e de outra parte, impulsionam a nossa inteligência a compará-los entre si, a reuni-los ou separá-los, e deste modo à elaboração da matéria informe das impressões sensíveis para esse conhecimento das coisas que se denomina experiência?” (pág. 03). Porém, alguns conhecimentos não tem essa origem de forma exclusiva. Assim, nascem os conhecimentos “a priori” (independente da experiência e os “a posteriori” (cuja origem está na experiência).

Segundo o autor, achamo-nos de posse de certos conhecimentos “a priori” e o próprio senso comum não os dispensa.

Kant conciliou o empirismo e o racionalismo, logo no início da Crítica da Razão pura: “Não pode haver dúvida que todo nosso conhecimento principia com a experiência (…) Mas embora todo ele comece com a experiência, não se segue que tudo nasça da experiência.”

A sensibilidade representa apenas representações e assim, temos acesso indireto ao mundo externo. Essas representações são a coisa-em-si, das quais não podemos ter conhecimento. Em Crítica da razão pura há a "A Refutação do Idealismo", de onde surge o seu idealismo transcendental (ou seja, preocupa-se mais com o modo como é feito o conhecimento dos objetos).
“as aparências devem ser consideradas como sendo, todas elas, apenas representações, não coisas-em-si, e que tempo e espaço são, por conseguinte, apenas formas sensíveis de nossa intuição, não determinações dadas como existindo por si mesmas, nem condições dos objetos vistos como coisas-em-si”.

O idealismo transcendental pressupõe uma distinção entre phenomena (aparências) e noumena (realidade inteligível).

domingo, 15 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 10

(b) participação: a doutrina da participação tem importância capital na metafísica tomista; participação é o nome que se dá à causalidade em que o efeito de uma causa recebe parcialmente o que existe de um modo total na causa, como por exemplo, quando se diz que o homem participa da animalidade, porque não exaure tudo o que é a animalidade em sua substância; da mesma maneira Sócrates participa da humanidade, pois sendo o que é, Sócrates não esgota a humanidade em sua substância [In De Hebd.lec2,n24]. As coisas que se diferenciam entre si, se distinguem porque possuem naturezas diversas e as possuem diversas porque as recebem diversamente [CG.I,26]. Cada uma delas participa, a seu modo, segundo o que constitui a sua substância, e o que recebem de perfeição da causa da qual participam e são efeitos [In De causis, pro. 25; De pot.q3,a5].

sábado, 14 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 09

(a) analogia: Como vimos, mediante um nome, os conceitos podem ser utilizados para significar outras coisas. E isso ocorre porque distingue-se o significado de uma palavra, do modo como é utilizado para significar [CG.I,30]. Neste sentido, fica claro que os termos da linguagem, como as palavras e o nomes, nem sempre conservam o mesmo significado. Por este motivo, cabe estabelecer a seguinte divisão: termo unívoco diz-se do nome que significa uma mesma essência, que se diz de uma única natureza, ou seja, a conveniência do nome com a natureza [S.Theo.I,q5,a6,ad3/q13,a10,c/In II Sent. 22,1,3,ad2], como quando se toma o nome coelho para designar a uma espécie de animal e que conserva sempre este mesmo sentido; termo equívoco indica a indução de significar várias coisas por um mesmo nome [C.G.4,49].
É sinônimo de ambigüidade, onde não se toma a similitude entre as realidades, mas a unidade do nome [C.G.1,33]. Equívoco diz-se da não proporcionalidade entre o nome e a essência, ou seja, o nome é comum, mas as subtâncias diversas [S.Theo.I,q4,a2,c], como quando se toma o nome quarto para significar um número ordinal ou um cômodo da casa e, por fim, termo análogo diz-se de algo que comumente se aplica a muitos [In I Sent.22,1,3,ad2], segundo uma comparação por proporção [S.Theo.I,13,a5,c], em que o nome, segundo um significado aceito, é posto na definição do mesmo nome, com outro significado [S.Theo.I,13,a10,c], como quando se toma o nome liberdade para aplicá-lo ao sentido moral ou para usá-lo no sentido penal.
A analogia tem fundamental valor e uso. É a comparação por proporção [S.Theo.I,13,a5,c]; em analogia é necessário que o nome segundo um significado aceito seja posto na definição do mesmo nome, com outro significado [S.Theo.I,13,a10,c], por isso, análogo se diz de algo que comumente se aplica a muitos [In I Sent.22,1,3,ad2]; a analogia pode ser: de proporcionalidade, quando os sujeitos possuem a perfeição significada de modos diversos, mas semelhantes, como por exemplo, ser dito do homem, do anjo e de Deus; de atribuição, quando um dos sujeitos possui a perfeição em sua plenitude e os demais por participação ou de modo derivado, como por exemplo, intelecto dito de Deus e por atribuição do homem e do anjo.

Midiatrix Revelations

A trilogia Matrix, dirigida pelos irmãos Wachowsky, foi adaptada ao universo da televisão brasileira e ganhou novos contornos em sua trama. Em “Midiatrix Revelations”, a Rede Globo assume o papel de vilã da história e, ao invés de as máquinas controlarem a realidade vivida pelos humanos, é a poderosa “Vênus Platinada” que determina em qual “mundo” vivemos.

Veja aqui.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 08

2.4. Analogia e participação
A linguagem analógica ou a analogia, é fundamentalmente a grande inovação tomista. Por ela, tornou-se mais eficiente a comparação entre realidades que aparentemente, muito divergindo em algo acidental, assemelham-se em algo essencial. A linguagem analógica é o fundamento para a afirmação de duas outras importantes doutrinas tomistas: a doutrina da participação, a partir da qual se afirma e demonstra a real existência de algo na criatura que representa à maneira de vestígio, imagem e semelhança alguma perfeição divina e a doutrina do ato de ser que demonstra que o ser representa e confirma, em cada criatura, certo grau de realização de alguma perfeição divina. Este rico vocabulário se alinha, até hoje, nos léxicos e dicionários especializados ou não e, inclusive, guardam parcial, quando não total, semelhança com o sentido metafísico original aristotélico-tomista.
A lexicografia aristotélico-tomista estabelece, guardadas as proporções, uma revolução semântica em linguagem filosófica e teológica. Isso marca, efetivamente, a sua importância e atualidade. Termos como substância, acidente, matéria, forma, privação, ato, potência, causa, princípio, uno, verdade, bem, algo, relação e, tantos outros, enriqueceram ainda mais o leque de possibilidades semânticas de alguns conceitos que mantêm, em alguns casos, o mesmo sentido original em seus usos corriqueiros.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 07

(c) A divisão do ente - o ato: o ente considerado em si mesmo, divide-se em ato e potência [In VI Met. lec.2, n.1171]. A noção de ato indica perfeição, pela qual alguma coisa existe [In IX Met. lec.3, n.1805]. O ato é dito de diversos modos [In IX Met. lec.5, n. 1828-1831]. Com relação à potência ele é anterior [In IX Met. lec.7, n. 1845], mas no que se refere ao movimento e ao tempo, ele é posterior [In VII Met. lec.2, n. 1278; IX, lec.7, n. 1847-1848; IX, lec.8, n. 1856; In XII, lec.4, n. 2480-2481; In XII lec.6, n. 2506]. O ato é sempre melhor que a potência, pois a sua privação é o mal [In IX Met. lec. 10, n. 1883-1885]; diz-se ato primeiro o ser de algo e ato segundo sua operação, que provém do ser. Daí que o operar segue o ser. - a potência: dupla é a potência, a potência ao ser que é da matéria e a potência de operar que é da forma [STh.I-II.q55,a2,c]. Diz-se potência ativa a de operar e potência passiva a de receber algo de outro [STh.I,q25,a1,c]. A potência ativa pode ser imanente, quando permanece no agente e transeunte, quando termina em outro [STh.I,q9,a2,c]. A potência da matéria é princípio de recepção do ser e a potência da substância é princípio de operação. A potência metafísica é a da ordem do ser, como a da matéria à forma. (d) O ser, a essência e a existência: - o ser - temos visto que o ente é o que tem ser [In XII Met. lec.1, n.2419], ato de ser [In IV Met. lec.2, n.556-558], perfeição, pela qual alguma coisa existe [In IX Met. lec.3, n.1805], subsiste e é o que de mais nobre [CG.I,c28,n260/In I Sent.d17,q1,a2,ad3], perfeito, digno e íntimo [De anim. a9/De nat. accid. c.1,n.468] há na natureza da coisa [In I Sent.d33,q1,a1,ad1], como ato de todos os atos [CG.III,c3;C.Theo.I,c.11,n.21] e ato de tudo o que existe e de qualquer forma que venha a existir [Quodl. XII,q5,a1/STh.I,q4,a1,ad3] como substância;- a essência - num primeiro sentido metafísico essência indica a natureza individual da substância e num segundo sentido, agora lógico, indica a qüididade ou essência abstraída pelo intelecto da substância individual. Então, a essência no primeiro sentido metafísico é sinônimo de substância e a essência no sentido lógico é sinônimo de qüididade, ou seja, a essência considerada como conceito, abstraída e na mente [STh.I,q3,a3,c].
Na consideração lógica a essência é o que o intelecto capta da união e composição de matéria e forma [STh.Iq29,a2,ad3]. Por isso, a essência na mente indica o que é comum de muitos [De ente et ess.c2]. Na consideração metafísica a essência é na própria substância a composição de matéria e forma.
Ora, na substância é a forma que dá o ser e é a matéria que o recebe. Em substâncias de mesma natureza é o mesmo ato de ser que determina a perfeição em todas. Mas as substâncias de mesma natureza se distinguem individualmente, umas das outras, pelo modo como recebem o ato de ser em seus supostos. Isto faz com que o ser seja distinto da essência na substância de cada coisa de que é ser. Pautado nisso, afirma-se que ser e essência distinguem-se nas criaturas. Só em Deus ser e essência se identificam [Comp. Th. I,XI]; - a existência - a exisência é o que resulta do último ato, do ato de ser, pois vimos que o ato de ser é aquilo pelo qual algo existe [In IX Met. lec.3, n.1805]. Neste sentido, sem ato de ser, não há existência. Podemos, então, dizer que a existência é a manifestação aqui e agora do ato de ser realizado na substância. A existência torna factual a presença da substância. Sendo assim, a distinção metafísica que há é a de ser e essência e não de essência e existência, posto que metafisicamente falando não há essência que não exista e existência que não tenha uma essência.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 06

(b) O conceito de ente: o Aquinate concebe o ente analogamente. O conceito de ente não é unívoco, porque não se diz só e da mesma maneira de um único ser. O que é unívoco? O conceito unívoco diz-se do nome que significa uma mesma essência, que se diz de uma única natureza, ou seja, a conveniência do nome com a natureza, como no caso do nome Deus [S.Theo.I,q5,a6,ad3/q13,a10,c/In II Sent. 22,1,3,ad2]. O conceito de ente não é equívoco, porque não é o que significa várias coisas por um mesmo nome [C.G.4,49], como ocorre na ambigüidade, onde se toma a similitude entre as realidades, mas a unidade do nome [C.G.1,33] em que não há proporcionalidade entre o nome e a essência, ou seja, o nome é comum, mas as subtâncias diversas, como ocorre com o nome cão dito do animal, da constelação e do temperamento irascível do homem [S.Theo.I,q4,a2,c]. O conceito de ente não é genérico, porque não inclui todas as diferenças [In I Met. lec.9, n.139] predicáveis do ente que fazem parte da definição, como o conceito de animal que inclui as diferenças racional e irracional [S.Theo.I,q3,a5,c], como no conceito de ente não entra alto, magro, baixo, gordo etc. O conceito de ente é análogo, porque resulta da comparação entre os diversos entes, por proporção [S.Theo.I,13,a5,c], em que o nome, segundo um significado aceito, é posto na definição de algo, com outro significado [S.Theo.I,13,a10,c], como o que se diz de algo que comumente se aplica a muitos [In I Sent.22,1,3,ad2], como saudável dito do alimento e do corpo que dele se alimenta. O ente considerado em si mesmo, como algo que existe fora da mente, de modo autônomo e independente, é dito essencial, como o abacateiro. O ente considerado como algo que existe fora da mente, mas que existe em outro, como algo que depende da existência do outro, é dito acidental, como o tom de cor verde do abacateiro. O ente que existe fora da mente é dito real porque é uma realidade concreta e singular e o ente que é considerado pela e na mente é dito de razão, porque ou é uma imagem ou um conceito abstrato e universal. O ente que já é o que é, é dito ente em ato, como o abacateiro é abacateiro em ato. O ente que vem a ser o que ainda não é é dito ente em potência, como a semente de abacateiro que ainda não é abacateiro em ato, senão só em potência. Neste sentido, ente se diz da essência, do acidente, real e de razão, da potência e do ato [In V Met. lec.9, n.885]. Mas há que advertir que ente por acidente não é propriamente ser [In XI Met. lec.8, n.2272] e, por esta razão, não há ciência acerca do ente por acidente [In VI Met. lec.2, n.1172-1176].
O ente que é considerado abstraído da realidade concreta, pelo intelecto, é dito ente abstraído ou, como já dissemos, ente de razão [STh.I-II,q8,a1,ad3]. Há o ente de razão com fundamento no real, dito desta maneira porque resultou da abstração de uma realidade concreta, como o conceito de maçã. Há, também, o ente de razão raciocinado, enquanto produzido pela razão só a partir dos dados da imaginação, com as imagens que já existem nela, daí ente de razão derivado do raciocínio da razão, como produzido pela imaginação, por exemplo, uma maçã com asas, ou minotauro. Daí, ente de razão com fundamento no real e ente de razão raciocinado ou raciocinante. De qualquer modo, a consideração do ente de razão é póprio da Lógica [In IV Met. lec.4, n.574] e do ente real, considerado em si mesmo, é próprio da Metafísica. Em um e outro caso, o estudo do ente é primeiríssimo, porque é o que primeiro capta o intelecto quando considera o real [In I Met. lec.2, n.46]. Concluindo, quando o intelecto concebe o ente afirma que o ente é aquilo que é e o não-ente aquilo que não é, sendo impossível conceber o ente sendo e não sendo ao mesmo tempo. Desta captação do ente real, o intelecto, a partir dos primeiros princípios de conhecimento que possui como hábitos, formula os primeiros princípios de demonstração.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 05

(a) Os primeiros princípios de demonstração: Para o Aquinate princípio significa aquilo de que algo procede e que contribui para a produção e demonstração de qualquer coisa [STh.I q33 a1, c]. Segundo o Aquinate, está inscrito na natureza intelectiva do homem o hábito dos primeiros princípios teóricos, também conhecidos como hábitos dos primeiros princípios do conhecimento. É a partir do uso do hábito dos primeiros princípios que se intui o hábito dos primeiros princípios da demonstração do conhecimento. Por tal intuição não somente se aperfeiçoa a inteligência como, também, a inclina para o conhecimento da verdade universal. Tal exercício dispõe a vitude intelectual especulativa dos hábitos dos primeiros princípios [STh. I-II,q57,a1]. A tal intuição do primeiro princípio de demonstração, segue-se a concepção do ente, como aquilo que é, e do não-ente, como aquilo que não é. Tal concepção é necessária e a constatação do princípio é evidente para o intelecto, quando concebe o ente. Esta evidência conclama o estabelecimento da existência do primeiro princípio do conhecimento, denominado princípio de contradição, ou princípio da não-contradição, este que não precisa ser demonstrado, porque é antes o que demonstra tudo mais que o intelecto concebe e que marca a oposição por contradição entre coisas que são e as que não-são [STh.I-II,q35,a4,c], entre o universal e o particular [STh.I-II,q.77,a2,ob3] e entre a afirmação e a negação [In I Peri. c.16], de cuja oposição se segue o corolário de que é impossível afirmar e negar ao mesmo tempo [STh.I-II,q94,a2] e que o ente é e não é, simultaneamente, uma mesma realidade [In IV Met. lec.6]. Do primeiro princípio da contradição, no qual todos os demais princípios se fundamentam [STh.I-II,q94,a2;De ver.q5,a2,ad7], seguem-se o princípio de identidade, que afirma que o ente é o que é [STh.I,q13,a7], o princípio do terceiro excluído, que sustenta não haver um meio termo entre ente e não-ente [STh.I-II,q94,a2;De ver.q5,a2,ad7], o princípio de causalidade, que afirma toda causa produzir um efeito proporcional [In IV Sent.d1,q1,a4;STh.I,q79,a13] e o princípio de finalidade, que sustenta que todo agente opera por causa de um fim [In I Sent.d35,q1,a1]. Resta agora considerar de que está constituído o ente, sua natureza.

sábado, 7 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 04

Ente, Ato de ser e existência
O método filosófico, como vimos, é o da indução e o da dedução [In De Trin.lec2,q2,a1,c3]. No método resolutivo ou indutivo, o procedimento é partir da análise dos efeitos à causa. Neste procedimento o Aquinate constrói a sua metafísica do ser, cujo cume efetua uma resolução global de tudo o que existe por participação naquilo que existe por essência e tudo o que é devir no ser [De subst. sep.c9,n94]. O método filosófico é posto a serviço da teologia. O método próprio da teologia é o resolutivo ou dedutivo, ou seja, o que vai dos princípios universais e simples dos quais derivam todos os outros [STh.I-II,q14,a5,c].
O que move o teólogo a argumentar não são os primeiros princípios metafísicos, mas os artigos de fé. Contudo, o Aquinate compõe a sua demonstração teológica com uns e outros, harmonizando-os [In De Trin.proem.q2,a2]. Por meio dos artigos de fé, o crente pode vir a chegar a outras conclusões, discorrendo dos princípios às conclusões [In De Trin.proem.q2,a2]. Por isso, a teologia é, também, ciência e todas as demais ciências a ela subordina, porque seus princípios se subordinam, na demonstração, aos princípios da teologia, que são os artigos de fé [STh.I,q1,a2,c].
Ao método dedutivo junta-se à metodologia teológica tomista o argumento de autoridade, cuja autoridade é a Sagrada Escritura. O método indutivo da filosofia é instrumento do da teologia. A filosofia mediante o seu método pode demonstrar os prâmbulos da fé, mas não os artigos de fé, que são dados revelados pela Escritura. O método filosófico pode indicar certa conveniência dos fatos da fé, tentar dar uma explicação limitada pelo intelecto e demonstrar a conexão entre os artigos de fé. Por via negationis o método de demonstração filosófico pode estabelecer como os argumentos contrários aos artigos de fé são falsos e inconclusivos [In De Trin.proem.q2,a3].
Em qualquer caso, o método filosófico é fundamental para a demosntração teológica. Com ele, são igualmente importantes os princípios da metafísica tomista, porque são os elementos de toda e qualquer ulterior demosntração. As noções de primeiros princípios, ente, ato de ser, essência e existência são fundamentais para a metodologia tomista.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 03

2.2. Método metafísico
O Aquinate estabelece duplo método: um ascendente, denominado resolutivo -resolutio-, que parte das determinações particulares às resoluções universais, que não é outra coisa que a indução; e outro descendente, denominado compositivo -compositio-, que inversamente parte das resoluções universais às composições particulares, que não é senão a dedução.
(a) A simples apreensão: a simples apreensão defini-se como o ato por meio do qual o intelecto conhece alguma essência, na medida em que simultaneamente afirma ou nega, por cujo conhecimento produz-se o conceito. Em outras palavras, por apreensão simples entende-se o ato, por meio do qual, o intelecto apreende de modo absoluto, a seu modo e tornando o que apreende semelhante a si mesmo, algo do real . Por isso, o Aquinate, seguindo o que Aristóteles afirmara, denominou a simples apreensão de intelecção indivisível. Por intelecção indivisível entende-se a intelecção absoluta que o intelecto produz, por si mesmo, da qüididade de alguma coisa.
(b) O singular: O intelecto produz o conceito, a partir do que considera da realidade. Mas a realidade, fora da mente, apresenta-se em sua existência singular. O que é o singular? Por singular entende-se algo individual, de nenhum modo comunicável a muitos , cuja nota essencial é ser único e distinto de todos os demais , de tal maneira que não pode ser definido . Do que se segue, que o singular não é apto naturalmente a ser predicado de muitos, senão de um só, ou seja, de si mesmo . Neste sentido, o singular é o que pode ser mostrado, designado, apontado ou indicado com o dedo. Assim sendo, o intelecto apreende, por abstração, a natureza do singular, de um modo mental, universal e a expressa por um conceito. Mas o que é abstração?
(c) A abstração: Por abstração entende-se o ato de abstrair, que é o ato que o intelecto faz quando apreende e torna universal e semelhante a si mesmo, uma realidade singular que existe fora do próprio intelecto. Abstrair é separar de algo singular toda a sua materialidade e movimento . Neste sentido, a abstração significa o ato intelectual, por meio do qual o próprio intelecto torna inteligível o que ele considera e que existe fora da mente, de modo singular, sensível e individual. No ato do conhecimento, a abstração é o primeiro e mais nobre ato do intelecto, como sendo a sua mais perfeita operação . Em outras palavras, a abstração é o modo pelo qual o intelecto processa o conhecimento do real concreto, inclinando-se a ler por dentro - intus legere - a natureza, a essência do real concreto que ele considera, pois só abstraindo-a de sua sensibilidade pode ele conhecer a sua forma em ato , a sua natureza, já que para conhecer o singular é sempre necessário abstrair . Mas o que busca o intelecto? O intelecto quando abstrai busca considerar o singular em sua universalidade; busca, portanto, produzir uma representação universal do singular , ou seja, o intelecto produz uma similitude universal, inteligível do que no real existe de modo singular e material. Mas se o intelecto ordena-se a produzir, pela abstração, uma similitude universal do que considera do real, a primeira questão a saber é: o que é universal?
(d) O Universal: Etimologicamente, universal significa unum versus alia, um que se verte em muitos. Em seu significado real, universal é o que por natureza é apto a predicar-se de muitos . Ora, se o universal é o que é apto de predicar-se de muitos, isso significa que o que é universal é comum de muitos. Do que se segue, que universal e comum de muitos são sinônimos . Cabe frisar que o intelecto somente produz o universal por abstração , pois o intelecto, pela abstração, ao produzir o universal, concebe o conceito, a partir do qual se expressa a essência universal da coisa particular, que ele considerou. Assim, pois, algo é considerado universal não somente quando o nome predica-se de muitos, mas, também, quando o que é significado pelo nome, pode dar-se em muitos . Cabe, ainda, distinguir o universal lógico do universal metafísico: o universal considerado em si mesmo, em seu conteúdo real e metafísico, é o universal metafísico; o universal enquanto conceito universal, desde um ponto de vista de sua predicação, é o universal lógico . O universal lógico é real, porém abstrato . Face a isso, cabe saber o que é o conceito.
(e) O conceito: O conceito é fruto da concepção que o intelecto faz pela abstração, ao considerar a universalidade da natureza de algo singular. Por concepção entende-se, neste contexto da lógica, a geração ou a produção de um conceito, por parte do intelecto . Pela concepção o intelecto produz uma palavra ou verbo mental, no qual encontra-se a similitude inteligível abstraída da coisa concreta, sem que com isso se estabeleça uma identidade entre natureza que concebe e a natureza concebida, pois o que o intelecto produz é uma similitude do objeto real . O conceito é uma voz mental, cujo sinal sensível é um nome que indica certo significado . Por isso, aquelas simples concepções que são produzidas pelo intelecto são vozes mentais - palavras interiores - que significam alguma coisa . Alguns conceitos, por razão de sua universalidade, são mais abrangentes do que outros, como o conceito animal que é mais extenso do que o conceito homem, já que aquele se extende e se predica de mais realidades do que este. Ao contrário, o conceito homem é mais compreensível do que o de animal, porque é menos extenso do que aquele. Esta distinção, segundo a universalidade, é o que determina a extensão e a compreensão do conceito.
Exige-se, para a expressão do verbo mental, os sinais lingüísticos, que por meio de palavras, nomes e verbos expressam o conceito e o seu significado. A obtenção do conceito é o cume da aplicação do método indutivo tomista.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 02

2. A Metodologia Tomista
É mérito de Tomás de Aquino a inovadora exegese filosófica. Não se pode aproximar-se da filosofia tomista sem se dar conta da importância do seu método.
2.1. Prolegômenos
O Aquinate se vale, como método, da procedência do estudo de casos mais simples e concretos para chegar à análise dos mais complexos e abstratos. Por isso, parte da análise das realidades sensíveis, na medida em que busca chegar, a partir disso, à análise das realidades imateriais. Neste sentido, o seu método começa por compreender o ente sensível, sua causa próxima e seus princípios, para ir ascendendo ao ente suprasensível, na consideração de sua causa remota. No Tomismo quase toda investigação é segundo este procedimento.
Ele se faz onipresente às suas exposições filosóficas. Não obstante, apesar de tudo isso, para o Aquinate, o método não passa de um instrumento filosófico, que por sua vez é servo da Teologia. Por isso, para o Aquinate o método é, por excelência, instrumento da razão humana racional para melhor conhecer a verdade das coisas. (a) Fontes: Duas são as fontes da metodologia tomista: a lógica aristotélica e a o método escolástico. Da lógica aristotélica [In II Met.lec5] herdou o modo argumentativo e demonstrativo e da escolástica o modo expositivo das questões. Além desta herança, desenvolveu o seu próprio método: a linguagem analógica, um método filosófico com aplicação teológica [STh.I,q1,a1,c], que se fundamenta em duas doutrinas - a doutrina do ato de ser e a da participação.
O Aquinate analisa as questões que trata e as expõe comentando, criticando, sempre partindo das idéias mais simples às mais complexas, pautando os seus argumentos nos princípios invioláveis da razão e comparando-as analogicamente, afirmando o que há de verdadeiro, negando o que há de falso e corrigindo o que seja passível de correção. (b) Regra geral: Via de regra, o Aquinate parte da análise das coisas simples para chegar à consideração das mais complexas. Podemos dizer que o método tomista, no geral, é indutivo, ou seja, por via de indução, isto é, aquele que vai do particular ao universal. Analisa-se, primeiramente, as coisas singulares e procura extrair delas o que seja comum de todas. Em linhas gerais, a indução pode ser compreendida como a ida dos efeitos à causa
. O processo que extrai dos singulares o que é comum de muitos é denominado abstração. O intelecto abstrai dos singulares o que é comum de todos que por ele é considerado. Fundamentado nos princípios retos que o constituem, ou seja, os primeiros princípios intelectivos, como o da não contradição, o intelecto, mediante a sua aplicação nas coisas singulares que conhece, comparando-as entre si, formula e concebe um conceito, uma noção universal que se diz, predica comumente de todos os singulares considerados antes pelo intelecto.
Uma vez estabelecido tais conceitos, o intelecto quando os predica das coisas, julga-os, deles fazendo um juízo de veracidade ou falsidade, de acordo com a adequação ou não com o real singular. Daí em diante, entra em vigor a via dedutiva, ou a dedução, em que o intelecto pela análise e crítica do conceito em sua aplicação e predicação, julga-o e examina-o segundo a adequação ou inadequação com o real.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A Metodologia Tomista - Parte 01

1. Origem
O vocábulo metodologia, no contexto filosófico, teve a sua utilização intensificada a partir da obra de Pedro Ramus, Dialecticae institutiones, de 1543.
A Metodologia tem quatro sentidos: lógico, como parte da lógica que estuda os métodos; lógica transcendental aplicada; conjunto de procedimentos metódicos de uma ou mais ciências e análise filosófica de tais procedimentos.
Entende-se, aqui, por metodologia a análise filosófica dos métodos e procedimentos de uma ciência. Em síntese, metodologia é o estudo dos métodos, das etapas a seguir num determinado processo, cuja finalidade é captar e analisar as características dos vários métodos disponíveis e avaliar suas capacidades, potencialidades, limitações ou distorções, bem como criticar os pressupostos ou as implicações de sua utilização. Além de ser uma disciplina que estuda os métodos, a metodologia é também considerada uma forma de conduzir a pesquisa. A palavra metodologia que é composta de dois vocábulos: mšqodoj = caminho para chegar a um fim [metodos+logia= metodologia] serve adequadamente para significar o estudo filosófico do método tomista.
Aqui tomamos Metodologia Tomista para designar o estudo do método que o Aquinate seguiu para desenvolver sua pesquisa filosófico-teológica.